Um Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, divulgou nesta terça-feira uma pesquisa, encomendada à Vox do Brasil, mostrando que as mudanças nas regras da Previdência Social que serão propostas pelo governo são rejeitadas pela grande maioria da população brasileira de todas as faixas de renda, etárias e níveis de escolaridade de todas regiões do País.
O objetivo da CUT é demonstrar que tem apoio popular, além de se contrapor ao ajuste fiscal.
O ajuste fiscal divide os pesquisados.
Para 42% o ajuste atinge igualmente todos os segmentos da sociedade.
Outros 47% acreditam que atinge mais os trabalhadores.
Os índices são parecidos quando se analisam os dados por faixa etária e renda.
Para 44,1% dos homens e 40,8% das mulheres atinge toda a sociedade.
Para 47,2% dos homens e 46,9% das mulheres atinge mais a classe trabalhadora. “A mais importante conclusão é que a maioria dos brasileiros aprovam as propostas da CUT para o Brasil sair da crise, voltar a crescer, gerar emprego e melhorar a renda.
Isso é um sinal de que a prioridade do governo deve ser a substituição imediata da política econômica que só tem gerado recessão e desemprego por uma que priorize os interesses da classe trabalhadora", comenta Vagner Fritas, presidente da CUT.
De acordo com a CUT, 88% dos pesquisados avaliaram que o governo não deveria dificultar as regras para aposentadorias.
Do total, 87,3% são homens, e 87,7% mulheres.
Apenas 9% (9,7% homens e 8,2% mulheres) concordam com a medida que está sendo analisada pela equipe econômica e 4% não souberam ou não responderam (3% homens e 4% mulheres).
Dos 88% contrários a mudanças nas regras da Previdência Social, 87,6% são jovens e 88,3% adultos; o percentual dos que têm ensino fundamental e médio foi igual (87,7%).
Já entre os que têm nível superior, foi de 88,3%.
Quanto à faixa de renda, são contra a medida 87,8% dos que ganham até 2 salários mínimos (SM), o mesmo percentual (87,8%) dos que ganham entre 2 e 5 SM e 86,4% dos que ganham mais de 5 SM.
No recorte regional, 89,2% dos nordestinos são contra mudanças.
Nas Regiões Centro-Oeste/Norte, os contrários somam 85%; no Sudeste, 87,1%, e no Sul, 88,4%. “A CUT decidiu testar nas ruas a agenda que propõe para o Brasil voltar a crescer gerando mais emprego e renda.
Pelos resultados da pesquisa, constatou que a pauta da Central está afinada com o que pensam e querem os trabalhadores.
A maioria absoluta da classe trabalhadora brasileira aprova as medidas para promover o desenvolvimento e rejeitam o ajuste fiscal e medidas de retirada de direitos conquistados”, comentou o dirigente.
O Vox Brasil pesquisou, entre os dias 11 e 14 de dezembro, 2.000 pessoas com mais de 16 anos, nas áreas urbanas e rurais de 153 municípios de todos os Estados e do Distrito Federal.
Essa é a primeira pesquisa de opinião feita por uma central sindical brasileira para saber o que os trabalhadores pensam sobre as medidas que estão sendo debatidas na área econômica do governo. “Só os empresários faziam pesquisa.
Agora, isso acabou.
Também precisamos de um instrumento como esse - pesquisa de opinião - para saber se nossas propostas são aprovadas e também para definir estratégias de luta para defender os direitos da classe trabalhadora” diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.
Programas sociais Quanto aos programas sociais, 75% dos entrevistados responderam que o governo não deve cortar recursos.
Foi praticamente igual o percentual entre homens (75,2%) e mulheres (75,5%).
Outros 21% disseram que o governo deve fazer cortes.
Novamente, os percentuais entre homens (21,6%) e mulheres (20,9%) foram quase iguais.
Apenas 3% não souberam ou não responderam.
A maioria dos contrários aos cortes nos programas sociais é formada por pessoas com baixa escolaridade (81,3% têm ensino médio), ganha pouco (85,1% até 2 SM) e vive no Nordeste (90,5%).
A rejeição aos cortes nos programas sociais atingiu índices ainda maiores, especialmente na Região Nordeste, onde 90,5% dos pesquisados são contra.
Os índices contrários aos cortes são maiores nas faixas de renda e escolaridade mais baixas.