Por Terezinha Nunes, especial para o Blog de Jamildo Nesta época do ano em que o Congresso entra de férias e o noticiário político míngua, os jornalistas batizam de “flores do recesso” as notícias esporádicas que surgem e que, em tempos normais, não fosse a carência de acontecimentos, passariam despercebidas.
Este ano não parece diferente, apesar da presidente Dilma, atolada em problemas, estar provocando reuniões de sua equipe – esta semana com a presença de governadores – para, com medo do impeachment, demonstrar que está trabalhando.
Nas redes sociais, porém, o vácuo de noticiário vem sendo substituído pela polêmica decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal às vésperas do recesso, contrariando as expectativas sobre o processo de impeachment da presidente Dilma.
Com conduta respeitada até então, o Supremo deu margem a que seus membros passassem a ser tratados nas redes como pessoas comuns, sujeitas a toda sorte de críticas, tanto daqueles que mantém o debate em tons elevados, como dos que exageram nos posicionamentos, ou por não terem nada a perder, ou porque se escondem no anonimato dos perfis falsos.
O certo é que o recesso virou um tempo apropriado para analisar a conduta da maior corte do país, sem tirar nem por.
O ministro mais visado tem sido Luís Roberto Barroso.
Proliferam vídeos do seu pronunciamento desconhecendo a existência do voto secreto para escolha de membros de comissões legislativas onde, claramente mostram os vídeos, Barroso teria deixado de ler um trecho do regimento interno da Câmara que diz exatamente o contrário do que ele falou aos demais membros da corte.
Ao mesmo tempo multiplicam-se listas com fotos dos ministros – como se deputados fossem – nas quais vêm carimbados os partidos aos quais supostamente pertenceriam.
Sem necessidade de voto e, teoricamente, preservados das pressões da opinião pública, os ministros do STF – vê-se agora – sofrem o desgaste da comunicação on line muito menos presente em outras ocasiões em que também adotaram posições polêmicas, bem como da transmissão direta de uma sessão importante para o país como foi a que determinou o rito do impeachment.
O imponderável passou a ser o momento da decisão tomada.
Como todos os dias, com o Congresso funcionando, proliferavam acontecimentos a serem comentados nessa época conturbada pelas crises as mais diversas, o STF acabou ficando na berlinda praticamente sozinho e exposto aos ataques de todos os lados.
Se isso vai ser bom o mau para o país só o tempo dirá mas a constatação é clara.
As flores do recesso legislativo deste ano deslocaram-se do pequeno grupo de senadores e deputados que se revezam em Brasília para a alça de mira da maior corte do país.
E, pelo visto, aí permanecerão até depois do carnaval quando o recesso termina e as atenções normalmente se deslocam para o legislativo que, inclusive, ainda não analisou as mudanças provocadas pela decisão tão criticada nas redes.