Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Estadão Conteúdo - O Palácio do Planalto articula com a base aliada no Congresso um esforço para aprovar, no início de 2016, as contas da presidente Dilma Rousseff do ano passado e deixar “mais robusta” a defesa da petista no processo de impeachment.

A ideia é aproveitar a atual composição da Comissão Mista de Orçamento (CMO), hoje favorável ao governo. » Ministro do TCU diz que instituição não se vincula ao acordo de leniência e pode aplicar sanções às empresas Por outro lado, a oposição já se articula para tentar postergar a apreciação das contas até o término do mandato dos atuais integrantes da comissão, em março, por meio da obstrução.

LEIA MAIS: » Relator rejeita parecer do TCU e aprova contas de Dilma de 2014 » No Recife, ministro Augusto Nardes diz que Dilma continua pedalando em 2015 A estratégia definida pelo governo é aprovar as contas de 2014 para dar argumentos à sua base no Congresso contra o pedido de impeachment, que se baseia em fatos semelhantes cometidos no exercício de 2015.

Ministros do TCU criticam parecer pela aprovação das contas de Dilma Parecer Na terça-feira, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO), relator das contas da presidente na Comissão de Orçamento, apresentou seu parecer em que defende a aprovação do balanço do governo de 2014 “com ressalvas”.

No relatório, ele contrariou a manifestação do Tribunal de Contas da União (TCU) que, em outubro, recomendou por unanimidade ao Congresso a rejeição das contas da petista. » Mendonça: Sugerir a aprovação das contas de Dilma é abrir a porteira da esculhambação » Por unanimidade, TCU nega recurso do governo em análise das pedaladas fiscais Os parlamentares da base, maioria na comissão mista, querem aprovar o parecer de Gurgacz até 11 de março.

Essa data poderia permitir que a atual composição da CMO participe ativamente da decisão, com chances de um aprovação tranquila.

Em abril novos integrantes serão escolhidos, sem possibilidade de recondução.

Gestão Contrária ao impeachment de Dilma, a presidente da comissão, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), trabalha para concluir a votação antes de encerrar sua gestão. “Não tem sentido esperar uma nova composição com pessoas que não acompanharam o debate.

Esse processo tem que ser concluído na gestão da presidente Rose Não há nenhum sentido lógico deixar isso para depois”, endossou o líder do governo no colegiado, deputado Paulo Pimenta (PT-RS). » Decisão do TCU abre caminho para que governo pague ‘pedaladas’ neste ano Além disso o Planalto quer usar a votação na Câmara para reforçar o discurso de que TCU extrapolou as suas prerrogativas ao recomendar a reprovação das contas de Dilma, de forma tão contundente, por práticas adotadas por governos passados. » Falta governança é um dos principais problema do País, diz Nardes em palestra » Cunha: parecer aprovando contas de Dilma não muda pedido de impeachment A oposição, por sua vez, já começou a se articular para tentar impedir a votação do parecer de Gurgacz.

O plano dos oposicionistas é valer-se da obstrução, manobra regimental em que os parlamentares não registram presença.

Com isso, querem também forçar a mudança da composição da Comissão Mista de Orçamento e tentar obter um novo grupo mais hostil ao Palácio do Planalto. » TCU analisará recurso governista no processo das pedaladas fiscais » Mesmo com oposição, Aroldo Cedraz é reeleito presidente do TCU O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), minimizou a estratégia do governo.

Para ele, o processo é um embate “político”. “Isso não vai resolver, o crime de responsabilidade aconteceu em 2014 e 2015.

Não é um parecer ou uma votação na comissão que vai alterar isso”, afirmou o deputado.