Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado (22/04/2015) Estadão Conteúdo - O senador Edison Lobão (PMDB-MA) foi sócio de pai de operador de propina citado por dono da UTC.

Em depoimento sob acordo delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa afirmou que o peemedebista orientou que ele pagasse R$ 1 milhão desviado das obras de Angra 3 ao empresário André Serwy, filho de Aloysio Serwy, sócio de Lobão na Arco S/A.

O Estado obteve a trechos do inquérito sobre irregularidades na usina nuclear de Angra 3.

No material, consta “uma informação policial” que detalha indícios do vínculo empresarial entre Lobão, Aloysio e André Serwy.

Procurado pela reportagem na quinta-feira passada, o senador confirmou que foi sócio da Arco S/A antes de ingressar na política. “Foi uma participação muito pequena, quase ínfima, há muito tempo atrás.

Aloysio era meu amigo e eu fiz isso (fiquei sócio) para ajudá-lo naquela época.

Depois eu saí da empresa”, disse Lobão.

O senador não nega que mantenha amizade com a família Serwy. “Eu e Aloysio trabalhamos juntos logo quando me mudei para Brasília”, disse.

LEIA TAMBÉM: > Ex-ministro Edison Lobão é investigado no Supremo > Em sabatina, Dilma diz que Edison Lobão deu explicações para mim e por escrito Sobre as declarações de Pessoa sobre pagamento de propina por intermédio de André, Lobão não quis se manifestar e pediu que a reportagem procurasse seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. “Negamos essa versão do Ricardo Pessoa.

Ele é confuso”, disse o advogado. “Essas delações todas são muito frágeis”, afirmou.

Na semana passada, Lobão foi um dos alvos da Operação Catilinárias, desdobramento da Lava Jato que realizou uma série de ações de busca e apreensão em residências de políticos em Brasília.

Na casa do senador, a Polícia Federal recolheu papéis e documentos que deverão subsidiar as investigações sobre a participação dele no esquema em Angra 3.

No inquérito, há a reprodução de uma ata da Assembleia Geral Extraordinária da empresa com data de 4 de julho de 1977. “Encontramos dentre os acionistas da Arco S/A Comércio e Indústria o nome Edson Lobão. É possível que se trate do senador Edison Lobão.

Notem que naquela época o diretor-presidente era Aloysio Serwy”, diz o documento.

A declaração de Lobão ao Estado desfez essa dúvida.

Depoimento.

A ligação entre os Serwy e Lobão aparece no depoimento que Ricardo Pessoa prestou em maio deste ano ao Ministério Público Federal.

Segundo o dono da UTC, Lobão pediu um porcentual entre 1% e 2% do valor do contrato das obras de Angra 3.

O valor máximo estimado foi de R$ 30 milhões, que seriam utilizados pelo PMDB na campanha de 2014.

Na oportunidade, Lobão era ministro de Minas e Energia. “Olha, nós temos que assinar esse contrato, porque o PMDB está precisando de dinheiro para a campanha”, disse Lobão, segundo Pessoa. “Mas a gente nem assinou contrato”, reclamou o empreiteiro.

Então, Edison Lobão teria pedido um adiantamento de R$ 1 milhão e recomendou que o empreiteiro procurasse André Serwy para fazer o pagamento.

Ainda no depoimento de Pessoa, ele descreve André “como uma pessoa próxima de Lobão” e que ele dava ao ministro o tratamento de “meu tio”.

O dono da UTC ainda ressalta que André “é filho de Aloysio Serwy, amigo e sócio de Edison Lobão na empresa Arco S/A Comércio e Indústria”.

Pessoa diz que o R$ 1 milhão foi pago em três parcelas.

O montante fora retirado do “caixa 2 da UTC”, coordenado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da Operação Lava Jato.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.