O economista e sócio-diretor da Ceplan Consultoria Econômica, Jorge Jatobá, falou da gravidade do quadro econômico brasileiro neste final de ano, em palestra nesta terça (15) durante o Business Round Up da Amcham Recife, evento que acontece no Amcham Business Center e que reúne empresários para um balanço deste ano e aponta perspectivas para o próximo.
No evento, Jatobá fez a apresentação da XX Análise Ceplan. “Estamos mergulhando em uma recessão sem paralelo desde os anos 30”, afirmou.
O economista embasa seu comentário na terceira queda consecutiva do nosso PIB trimestral em comparação com os mesmos trimestres do ano passado. “Saímos da desaceleração para a retração de atividade”, conclui Jatobá.
A redução no consumo das famílias de janeiro a setembro de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, chega a -3%, um indicativo ainda mais preocupante quando se observa a diminuição dos investimentos (-12,7%).
A importação de bens e serviços caiu 12,4% em decorrência da menor demanda interna e as exportações. apesar da desvalorização do real enfrentam queda nos preços das principais commodities exportadas pelo país.
A crise política desencadeada com o escândalo da Operação Lava Jato e a sequência de outras denúncias de corrupção no país, agravadas pela possibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousself, atrasou ainda mais as medidas de ajuste fiscal.
Além disso o realinhamento de preços relativos, a desvalorização do real e fenômenos climáticos contribuiram para a inflação de 10,48%, nos últimos 12 meses - embora, na opinião de Jorge Jatobá, ela ainda não esteja fora do controle.
Mas a má condução da política fiscal aumenta a dívida bruta do setor público e seus encargos em relação ao PIB.
Os problemas internos somam-se aos do cenário internacional, aumentando a desvalorização do Real diante do dólar que pode ser ainda mais valorizado com o aumento próximo dos juros nos Estados Unidos.
No entanto, a desvalorização do Real está trazendo um efeito positivo para a balança comercial brasileira.
Para Jorge Jatobá, outro alento é que os investimentos externos não fugiram do país.
Os Investimentos Diretos no País (IDP) , medidos pelo Banco Central do Brasil, devem chegar a US$ 65 bilhões em 2015, montante suficiente para cobrir, neste ano, o déficit em transações correntes de mesmo valor. “A despeito das dificuldades o país continua atraindo substanciais montantes de capitais produtivos para a sua economia.
Todavia, a crise está drenando capitais especulativos e pode - se persistir- inibir o ingresso de novos investimentos produtivos”, avalia.