Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Estadão Conteúdo - Depois de conseguir uma manifestação de apoio e em defesa da democracia assinada por 16 governadores na semana passada, a presidente Dilma Rousseff receberá nesta segunda-feira, 14, uma carta de um grupo de ao menos 16 prefeitos com uma mensagem de repúdio ao impeachment.

Nesta segunda-feira, dia em que completa 68 anos, Dilma passou o dia em reuniões no Alvorada e recebe em breve o grupo de prefeitos em agora no final da tarde.

O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), informou que o documento foi formatado por ele e pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes. “Não podemos conviver com a instabilidade política.

O reflexo desse período instável é sentido diretamente na sociedade”, disse, em nota.

Garcia citou ainda que é preciso acabar com “processos conturbados e manipulados por quem, inclusive, tem processo na Comissão de Ética”, afirmou, referindo-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), responsável por acatar o pedido de impeachment no dia 2 de dezembro.

LEIA TAMBÉM: > Bancada do PT se reúne hoje para discutir mobilização contra impeachment > Planejamento diz que alegações do pedido de impeachment não se sustentam > Impeachment estimula tucanos a irem às ruas > Rodrigo Janot defende nova eleição na Câmara para comissão do impeachment O documento destaca a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em paralisar o andamento do processo de impeachment e diz que o pedido de afastamento “se inicia eivada de vícios, que denota condução desvirtuada do processo”.

Na próxima quarta-feira, 16, o STF vai definir o rito de impeachment e avaliar a formação da comissão especial, que foi suspensa. “A banalização do uso do dispositivo legal do impeachment fragiliza as instituições e atenta contra a democracia.

No pedido acolhido pela Presidência da Câmara dos Deputados não há atos ou fatos que respaldem o início de um processo dessa natureza.

A peça se apoia em ilações e suposições que tentam sem consistência jurídica imputar responsabilidade à Presidenta da República, como em pedidos rejeitados anteriormente”, afirmam os prefeitos no documento.

Alinhados com a estratégia do Planalto, de tentar dialogar, o grupo de prefeitos destaca ainda que as dificuldades pelas quais passa o Brasil não serão superadas a partir do desrespeito à ordem constitucional e que o impeachment pode agravar ainda mais a situação do País. “Acentuamos que o diálogo nacional deve se apoiar primordialmente no respeito à civilidade democrática e ao resultado das urnas nas últimas eleições.” A baixa presença de manifestantes ontem nos atos pelo impeachment da presidente deixaram o governo aliviado.

Agora, o Palácio do Planalto espera poder fazer o que tem sido chamado de “debate com a sociedade” para evitar o afastamento da petista.

Crise com PMDB Garcia e Paes estarão no grupo que entregará a carta de apoio a petista.

A ala do PMDB carioca - incluindo o governador Luiz Fernando Pezão - tem enfrentado a ala ligada ao vice-presidente Michel Temer e trabalha junto ao Planalto ainda na tentativa de restituir o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) ao comando do PMDB da Câmara.

Para um peemedebista que trabalhou para a retirada de Picciani da liderança, o governo comete um grave erro ao “se meter” em questões partidárias para tentar salvar a qualquer custo a aliança com o PMDB e garantir a manutenção do mandato da presidente Dilma. “Se o Palácio continuar agindo, vamos retaliar Isso irritou muito a bancada e com certeza vai acelerar o rompimento com o governo”, disse um peemedebista.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que é pré-candidato à reeleição, assinou o manifesto, mas não participa da reunião de hoje, pois cumpre agenda na capital paulista.