Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Estadão Conteúdo - Em uma ação para barrar a articulação do Planalto para tentar reconduzir Leonardo Picciani (RJ) à liderança do PMDB na Câmara, o vice-presidente Michel Temer interveio ontem e determinou que todas as novas filiações de deputados deverão passar pela Executiva Nacional.

A ala pró-impeachment do partido também se movimenta para precipitar o rompimento do PMDB com o governo.

Durante conversa na noite de quarta-feira (9) com a presidente Dilma Rousseff, o vice também pediu que a petista não interferisse na disputa interna da bancada, pois isso poderia aumentar a pressão para convocação antecipada da convenção nacional da sigla, que é presidida por Temer. “O vice-presidente Temer já fechou o cerco e determinou que qualquer deputado que se filiar ao partido vai ter que passar pela aprovação da Executiva Nacional”, afirmou o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) ao jornal O Estado de S.

Paulo O novo líder do PMDB disse que está acompanhando de perto a movimentação de Picciani para tentar conseguir maioria e voltar a ser líder do partido novamente. “Já fritei o peixe, agora estou vigiando o gato”, disse o parlamentar.

LEIA TAMBÉM: > Eduardo Cunha diz que relação política dentro do PMDB está em ebulição > Jantar promovido por líder do PMDB tem ‘barraco’ entre Serra e Kátia Abreu > ‘Temer estará mais próximo das nossas decisões’, diz novo líder do PMDB na Câmara > Leonardo Quintão é o novo líder do PMDB na Câmara Picciani foi destituído do cargo anteontem, após um grupo de deputados do PMDB protocolar uma lista com 35 assinaturas pedindo a indicação de Quintão para a liderança.

O movimento, avalizado por Temer, começou na última segunda-feira, após Picciani se recusar a indicar peemedebistas pró-impeachment para ajudar a compor as oito vagas a que o partido terá direito na Comissão Especial sobre o impedimento de Dilma.

Nesta quinta-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ter a informação de que pelo menos 15 diretórios estaduais da legenda querem antecipar a convocação da convenção.

Ou seja, mais da metade dos 27 existentes.

Caso a articulação ganhe força, o desembarque do PMDB do governo pode ocorrer mais cedo do que espera o Planalto.

Cunha afirmou que o agravamento da crise política está provocando um movimento pela convocação extraordinária da convenção. “Está muita confusão dentro do PMDB.

Certamente o PMDB vai querer discutir se continua ou não apoiando o governo”, disse.

Para ele, a legenda está “em ebulição” e o partido rachado.

O peemedebista afirmou que a convocação da convenção se dá ou pela Executiva Nacional ou por um terço dos diretórios regionais.

O presidente da Câmara condenou a movimentação da bancada do PMDB do Rio e do Planalto para fazer com que deputados licenciados reassumam o mandato ou para que parlamentares de outras siglas mudem para o PMDB, para restituir Picciani à liderança da legenda na Casa.

Contraponto Para se contrapor à ala do PMDB mais favorável ao impeachment, o governo aposta no presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Em jantar oferecido pelo líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE), na noite de anteontem, Renan defendeu a permanência de Dilma no cargo.

Em conversas reservadas, ele reconheceu o momento de “fragilidade” por que passa a presidente Mas não deu mostras de apoiar, ao menos por ora, a assunção de Temer ao Palácio do Planalto. “Melhor segurar ela”, disse ele, segundo relato obtido pela reportagem.

Desafetos históricos no partido, Temer e Renan sempre disputaram espaço na cúpula do PMDB.

Em uma das conversas, próximo ao fim do encontro que terminou na madrugada de ontem, o presidente do Senado chegou a mencionar, em tom de reprovação, a proximidade entre Temer e Cunha, responsável por admitir a abertura do impeachment na semana passada e que ontem conseguiu, pela sétima vez, conseguiu adiar a abertura do processo de que pode levá-lo a ter o mandato cassado.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.