Foto: Anna Tiago / Blog de Jamildo Por Anna Tiago, repórter do Blog Empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef e do lobista Adir Assad, ambos investigados pela Operação Lava Jato, são suspeitas de terem sido usadas para desviar cerca de R$ 200 milhões das verbas públicas que deveriam ser destinadas às obras da transposição do Rio São Francisco.

De acordo com a Polícia Federal, o crime teria acontecido entre os anos de 2010 e 2013.

No período, estiveram à frente do Ministério da Integração Nacional (MI) o baiano João Santana, do PMDB, e Fernando Bezerra Coelho, atual senador pelo PSB.

As investigações da Operação Vidas Secas, deflagrada na manhã desta sexta-feira (11), iniciaram em 2014 a partir de informações do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU).

Os dados apontam irregularidades nas obras executadas nos lotes 11 e 12 da transposição, que correspondem a cerca de 82 quilômetros entre Custódia, no Sertão de Pernambuco, e Monteiro, na Paraíba. “Tivemos a constatação da movimentação de dinheiro que o Ministério da Integração Nacional manda, mandaria e mandou para algumas empreiteiras que executaram a obra.

Alguns valores eram transferidos para contas da já conhecidas empresas ditas fantasmas do grupo Alberto Youssef”, conta o superintendente da PF em PE, Marcello Diniz.

O contrato dos dois lotes é de R$ 680 milhões.

Nesta sexta, 150 policiais cumpriram 32 mandados judiciais.

Foram presos quatro executivos das empresas do consórcio formado pela OAS, Galvão, Barbosa Melo e Coesa no Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e Ceará.

Em Pernambuco, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Região Metropolitana do Recife e nos municípios de Sertânia e Salgueiro, no Sertão.

NÚCLEO POLÍTICO A Operação terá outras fases que investigará os núcleos administrativos e políticos. “Hoje, a operação se deflagra no núcleo operacional e no núcleo econômico.

A razão da busca é para obter elementos do núcleo administrativo, que é formado por servidores públicos, como o Ministério da Integração Nacional, que é um novo caminho a se trilhar, e, por fim, todo o cenário converge para que exista um núcleo político que ainda não foi identificado”, revela o delegado Felipe Leal, coordenador da Operação. “Queremos saber a participação de eventuais servidores públicos e eventuais políticos que tenham se envolvido na trama”, acrescenta o superintendente da PF. “Durante as investigações, poderemos concluir se houve superfaturamento ou se o atraso na entrega da obra é fruto desses desvios”, afirma.