Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Estadão Conteúdo - Integrantes da cúpula do PSDB fecharam na noite desta quinta-feira, 10, posição a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Até aqui, algumas das principais lideranças da legenda vinham demonstrando falta de sintonia em torno do tema.

O encontro realizado em Brasília contou com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, dos seis governadores da legenda e lideranças do partido da Câmara e do Senado. “São suficientes pelo seguinte: o impeachment, como foi dito pelo vice-presidente Michel Temer em seu livro a respeito do assunto, e outros juristas e os que subscrevem o pedido também, é um processo jurídico-político.

Obviamente, você desrespeitar reiteradamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, tendo em vista benefícios eleitorais, é uma razão consistente”, afirmou ontem Fernando Henrique.

O ex-presidente ressaltou, contudo, a necessidade de haver um clima político para que o processo tenha um desfecho desfavorável a Dilma. “Se esse clima se formar, há as razões.

Se esse clima não se formar, não há razão que derrube a presidente da República que foi eleita.

Não é um processo simples.

Não é uma coisa que se possa fazer com o desejo.

Tem que ver qual é o clima.

Me parece que o clima atual é de que o governo está muito paralisado”, disse FHC.

LEIA TAMBÉM: > DEM, SD e PSDB confirmam que só indicarão membros para ‘chapa avulsa’ > No Recife, Aécio Neves diz que o PSDB é a principal alternativa de governo do País > Aécio Neves acusa Dilma de usar estrutura do governo para se defender do impeachment As declarações do ex-presidente serviram como balizador do novo discurso que deverá ser adotado pelo PSDB.

Desde que surgiu a possibilidade de se iniciar um processo de afastamento de Dilma no Congresso, o presidente do PSDB, senador, Aécio Neves (MG) - derrotado na última eleição presidencial -, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vinham divergindo sobre o tema.

De um lado, Aécio defendia um posicionamento claro da legenda e um desfecho célere do processo.

Alckmin, por sua vez, quando questionado, adotava um tom de cautela e ressaltava que tratar do impeachment era algo precipitado.

Ambos são cotados para disputar a próxima eleição presidencial de 2018.

Diante desse histórico recente, Aécio ressaltou ontem que o entendimento em prol do afastamento de Dilma também é compartilhado por todos os governadores do PSDB - antes resistentes a assumir o discurso pró-impeachment.

Governadores O tucano ressaltou, porém, que os governadores da legenda não participarão do embate diário sobre o tema. “Há um sentimento da gravidade da crise e da incapacidade que a presidente da República tem demonstrado para superá-la”, disse o senador mineiro.

Alckmin voltou a dizer que o processo de afastamento da presidente Dilma não é um “golpe”. “A discussão é em relação a situação atual.

A posição dos governadores é a mesma.

Impeachment está previsto na Constituição, e a Constituição não é golpista.

O PT só não pediu o impeachment do Lula porque ele é do PT.

Mas pediu de todos” afirmou.

Recesso Os integrantes da cúpula do PSDB apostam que o processo iniciado no Câmara se arraste até o próximo ano, quando há a expectativa de que o quadro econômico e político se deteriore e consequentemente haja uma maior mobilização social em torno do impeachment.

O tramite do processo de afastamento da petista será alvo de discussão no Supremo Tribunal Federal na próxima quarta-feira.

Os ministros da Corte irão julgar pedido liminar do PC do B apresentado após a maioria dos deputados votar a favor da criação de uma segunda chapa para compor a Comissão Especial da Câmara, que tratará do impeachment.

Essa segunda chapa foi composta majoritariamente por integrantes favoráveis ao afastamento de Dilma.

Se houver pedido de vista durante o julgamento, o desfecho do caso ficará para 2016.

Manifestações Movimentos anti-Dilma organizam para domingo (13) novas manifestações a favor do impeachment da presidente.

Segundo os grupos Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua - que participaram dos atos de 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto deste ano contra o governo -, há protestos programados nos 26 Estados e no Distrito Federal.

Até ontem, os movimentos contabilizavam 108 cidades do País com atos marcados, convocados principalmente via redes sociais.

Em São Paulo, a concentração será a partir das 13 horas no Masp, na Avenida Paulista, região central da cidade.

Até agora, a maior manifestação contra a presidente Dilma Rousseff ocorreu em 15 de março, quando, segundo a Polícia Militar, quase 2 milhões de pessoas foram às ruas de todo o País.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.