Por Anna Tiago, repórter do Blog A Polícia Federal em Pernambuco divulgou, na tarde desta quarta-feira (9), a possibilidade de recursos desviados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) terem sido destinados à campanha eleitoral de 2014 no Estado.

A investigação faz parte da Operação Pulso, que tem o objetivo de reprimir a atuação de uma organização criminosa especializada em direcionar licitações e desviar recursos públicos da estatal.

Na manhã desta quarta, três integrantes da Hemobrás foram afastados dos cargos por 90 dias: o diretor-presidente, Rômulo Maciel Filho, o diretor de Inovação Tecnológica da Empresa, Mozart Sales, e um membro da equipe de engenharia.

A informação do possível financiamento de campanhas chegou à PF por meio de um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que detectou operações financeiras existentes entre diretores da Hemobrás e familiares e campanhas eleitorais.

LEIA TAMBÉM: > Preso acusado de desviar recursos públicos da Hemobrás já ganhou título de cidadão pernambucano > Ex-coordenador do Mais Médicos, Mozart Sales é um dos investigados pela Operação Pulso “Os dados indicam indícios de financiamento ilícito de campanhas.

São valores em contas bancárias que foram destinados a assessores, parlamentares e pessoas ligadas à política na região”, explica o delegado à frente da Operação Pulso, Wagner Menezes.

Segundo ele, cerca de 12 pessoas estariam envolvidas nessas operações financeiras. “Essa informação vai ser compartilhada com o TCU, a CGU e com a Justiça Eleitoral.

A Justiça vai analisar todo esse material e, se tiver alguma coisa que demonstre essa ilegalidade eleitoral, a providência será tomada”, diz o superintendente da PF no Estado, Marcello Diniz Cordeiro.

Desvios De acordo com as investigações da PF, estima-se que, aproximadamente, R$ 30 milhões foram desviados da Hemobrás. “Foram constatadas diversas fraudes, como superfaturamento de contratos, sobrepreço de armazenamento de plasma em caminhões, direcionamento do pregão que refere-se ao armazenamento de plasma em câmaras frias na Região Metropolitana do Recife, superfaturamento da obra da construção da fábrica da Hemobrás e ocultação de patrimônio”, conta o superintendente da PF.

Entre os contratos investigados, está o de armazenamto de plasma, que, a princípio, era de R$ 880 mil, mas foi fechado em R$ 8 milhões. “A empresa que teria ganho no primeiro momento lançou uma proposta de R$ 880 mil.

Quem fez o certame afirmou que ela não tinha certo documento, mas o edital falava que ela tinha 60 dias para apresentar.

O contrato de R$ 880 mil foi rescindido e, mais para frente, foi feita uma dispensa de licitação para contratar uma outtra empresa por 8 milhões”, afirma Diniz.