Nesta alucinada terça-feira em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse para alguns parlamentares que sabe que vai ser cassado pela casa, mais cedo ou mais tarde.
Ele disse também que sabe que vai ser cassado com voto do próprio PMDB, que hoje busca afastar-se do PT.
Por tudo isto, Eduardo Cunha diz que é hora de correr com o processo (de impeachment).
Ou seja, enquanto ainda tem poder de conduzir as sessões.
Sob seu comando e com sua ajuda, por exemplo, a oposição obteve nesta terça-feira a primeira derrota sobre a presidente Dilma, na discussão do processo de impeachment.
Eduardo Cunha determinou a votação secreta para a definição dos nomes que vão compor a comissão especial do impeachment.
Com o apoio de 272 deputados, o Plenário da Câmara aprovou a chapa 2 para compor a comissão especial de análise do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A chapa 1 obteve 199 votos.
A chapa 2 era formada, em sua maioria, por deputados que fazem oposição ao governo e tem 39 inscritos.
Os outros 26 deputados que precisam ser eleitos para preencher as 65 vagas serão escolhidos em votação complementar, que ocorrerá amanhã.
Não por acaso, Eduardo Cunha afirmou no Salão Verde que a eleição suplementar para concluir a composição da comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff será o primeiro item da Ordem do Dia do Plenário da sessão desta quarta-feira (9).
Eduardo Cunha declarou que está seguro quanto aos procedimentos para eleição dos membros da comissão especial.
Segundo ele, tudo foi feito de acordo com a Lei do Impeachment (Lei 1079/50) e o Regimento Interno da Câmara, que garantem a votação secreta e a possibilidade de chapas alternativas.
Em relação a uma possível decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária à sessão desta terça, quando o Plenário da Câmara elegeu a chapa alternativa por 272 votos a 199, o presidente disse que qualquer decisão judicial é para ser cumprida, mas ele espera que seja uma decisão plenária e não monocrática (de apenas um ministro).
Eduardo Cunha comentou que o resultado da votação expressa a opinião da maioria e, mais do que uma disputa entre base governista e oposição, foi uma disputa interna dos partidos.
Além do PCdoB, o líder do PT, deputado Sibá Machado (AC), anunciou que o partido também entrou com um recurso no STF pedindo a anulação da sessão desta terça por ilegalidade da votação secreta e da formação de chapas alternativas.