O lixo na Ágora (a “escrotocracia”) Por Roberto Numeriano Os próximos meses prometem cheirar muito mal no grande lixão em que se transformou a ágora da política brasileira.
Mas, sendo sempre sincero, hoje não me importa nem um pouco se Dilma cai ou deixa de cair, assim como não me importa o que a direita, centro ou esquerda pensem a respeito.
A rigor, a política nacional, transformada numa montanha de detritos, nada perde ou ganha se a presidente cair e assumir Temer.
Em essência e na prática, o PT não é diferente do PMDB.
O PT, no máximo, é o “menos ruim” diante de um PSDB ou DEM.
Mas é só isso.
E seu projeto morreu há muito nos canais pútridos que cevaram o Congresso.
Era assim com FHC, continuou assim com Lula e Dilma.
Não sou niilista político, nem de longe e nem de perto.
Mas cansei dessa lama toda, que um amigo meu, muito apropriadamente, chama de “Escrotocracia”, ou governo dos escrotos.
A partir de hoje, não vou ouvir ou ler noticiário de impeachment, corrupção e acusações entre pessoas que se ofendem como se estivessem em briga de rua.
Cansei disso.
Não mereço isso.
Não lutei pra isso.
Tenho nojo e horror dessa política de lixão a céu aberto, assim como da politiquice e picaretagem de certos aprendizes-de-feiticeiro de uma esquerda com discurso radical e práticas que cheiram a podre.
Sendo realista, estamos mal em termos de alternativa política.
Roberto Numeriano é professor, jornalista e cientista político.