Foto: José Cruz/Agência Brasil Da Agência O Globo Na conversa que teve ontem com lideranças da oposição, o vice-presidente Michel Temer se comprometeu que, em caso de ter que assumir a Presidência, dentro de um projeto de união nacional, não trabalhará em um projeto político para se candidatar em 2018.
Estavam na reunião os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Serra (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Valdemir Moka (PMDB-MS).
Temer disse que não faria um movimento para assumir no lugar da presidente Dilma, mas que se essa for a saída constitucional, via impeachment, está pronto para comandar um governo de unidade nacional, nos moldes do que foi Itamar Franco para Fernando Collor, sem pensar em se reeleger em 2018.
Os senadores presentes disseram entender o seu sentido de lealdade a presidente Dilma, mas que ele deveria pensar também no seu sentido de lealdade ao país que está parado e caminha para uma ruptura. — Nós dissemos a ele: se a solução for essa, dentro do processo legal, o senhor não estará sozinho, terá apoio para além do que tem.
Isso considerando uma proposta de governo e trabalho para um governo de transição, de unidade nacional.
Mas se for um governo com projeto político para 2018 esqueça, não vai dar certo — contou um dos senadores presentes ao almoço com Temer no Jaburu horas antes de Eduardo Cunha assinar o pedido de impeachment.
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Segundo os presentes, os senadores tucanos que estiveram na reunião com a anuência do presidente do partido, Aécio Neves, ouviram e deixaram claro que o apoio do PSDB dependeria do projeto e da garantia que ele não disputaria 2018. — O sentido desse movimento que vem sendo conversado há 60 dias é remover esse cadáver insepulto do impeachment de nossas vidas.
Que seja enfrentado e resulte num voto de confiança ou desconfiança a presidente Dilma — completou o senador.
MANIFESTO À NAÇÃO Os senadores submeteram a Temer um manifesto que deverá ter a assinatura de pelo menos 45 senadores pedindo a inclusão do impeachment da presidente na pauta.
A coleta de assinaturas começou a ser feita em seguida durante a sessão do Congresso Nacional por Fernando Bezerra e rapidamente chegou próximo ao número pretendido.
Segundo assessoria de Temer, o grupo de senadores foi comunicar ao vice-presidente que o manifesto pretendia dar uma alternativa para resolver o impasse que paralisa o país: se o impeachment resolve a crise, ou se a crise será resolvida com a presidente Dilma no cargo.
O manifesto à Nação será também uma sinalização de apoio a decisão do presidente da Câmara, com o apelo de que o impeachment não continue sendo usado como um “instrumento de barganha”, mas que tem que ser resolvido, para o bem ou para o mal, para que o Brasil siga em frente.
Estiveram na reunião com Temer, além de Bezerra Coelho, os senadores José Agripino (DEM-RN), Tasso Jereissatti (PSDB-CE), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Valdemir Moka (PMDB-MS), José Serra (PSDB-SP) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). — O manifesto está sendo constituído por senadores contra e a favor do impeachment.
E é para dizer a Nação que o impeachment não pode continuar como instrumento de barganha.
O país continuará parando enquanto esse assunto não for resolvido de vez.
Que seja colocado na pauta.
Se for aprovado, o país segue em frente.
Se rejeitado, a presidente ganha força para continuar governando, ela recupera credibilidade para governar — explicou Fernando Bezerra Coelho, que já tinha feito um discurso nesse sentindo no plenário do Senado há três semanas.
No plenário do Congresso, vários senadores assinaram o manifesto.
O senador Romário (PSB-RJ) disse que assinou e que a ideia é coletar pelo menos 45 assinaturas de senadores. — Independente de ser a favor ou contra, nós senadores queremos que o País volte a recuperar suas diretrizes de crescimento para sair dessa crise.
Se for rejeitado, a presidente Dilma recupera credibilidade para tirar o país desse momento ruim — disse Romário. — Eu assinei para definir.
Não pode continuar essa indefinição — disse a senadora Lídice da Mata (PSB-BA).
O presidente nacional do Democratas, José Agripino, diz que o manifesto terá um peso grande no processo aberto na Câmara, porque já sinaliza a posição do Senado, que dará a palavra final sobre a cassação. — Agora, o que vai acontecer é o Senado já se manifestando enquanto a Câmara discute a abertura do processo.
Isso já sinaliza a posição do Senado, e terá um peso na votação da Câmara sobre a admissão do impeachment.
Dependendo do número de senadores que aderirem, já saberemos qual será o resultado no Senado.
Esse manifesto é o avant premiére do julgamento de Dilma — avaliou Agripino.