Por Fernando Castilho, especial para o Blog de Jamildo Se dependesse do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, ele seria reeleito por aclamação.
Tipo assim: com o apoio de Priscila Krause (DEM), de Silvio Costa Filho (PTB), Daniel Coelho (PSDB) e até com o de Edilson Silva (PSOL).
A bem da verdade, Geraldo Júlio só teme duas coisas nas próximas eleições: a possibilidade do deputado Jarbas Vasconcelos resolver ser candidato a prefeito pela terceira vez e o impacto, na classe média, de como ele gerenciou a crise do Projeto Novo Recife.
O prefeito acredita que pode conseguir, através de um acordo de cúpula com Aécio, que Daniel não seja candidato, que o DEM desista de colocar Priscila Krause na disputa e que Silvio Costa Filho desista de entrar na disputa por temer o uso dos problemas que teve na secretaria de Turismo de Pernambuco, na primeira gestão Eduardo Campos.
Não só pensa, mas atua para reduzir o número de possíveis candidatos na chapa de 2016.
Também acredita que João Paulo vai ficar na Sudene e que Edilson, se for candidato, não representa uma ameaça real.
Bom, esses devem ser os sonhos dele.
O surpreendente é o comportamento desses possíveis candidatos ao cargo nas próximas eleições.
Por uma razão que ainda não ficou clara, os possíveis candidatos veem concentrando mais fogo no governo Paulo Câmara do que na gestão de Geraldo Júlio que é quem vai disputar a reeleição. É bem interessante como todos os possíveis candidatos (exceto Jarbas Vasconcelos) entopem as redações e as redes sociais com mais ataques a Paulo Câmara do que numa ação mais firme contra Geraldo Júlio.
Na verdade, Geraldo Júlio vive mesmo o melhor dos mundos em termos de oposição à sua gestão.
Na Câmara, a ação quase nula dos vereadores não lhe causam o menor problema.
Aprova tudo que envia, do jeito que envia e no tempo que ele mesmo determina. É uma situação tão cômoda que o prefeito se permite discutir pautas estaduais e até nacionais quando faz viagens a Brasília.
E Paulo Câmara, que não é candidato a nada, é quem recebe a pancada. É verdade, dentro de crise atual bater no governo Paulo Câmara é muito fácil e tem uma certa aderência.
Por exemplo, Daniel Coelho, até hoje “não chegou” no Recife.
Sua assessoria se esforça em distribuir notícias sobre as dificuldades do Governo Dilma Rousseff, vez por outra critica o governador, mas bater de frente na administração Geraldo Júlio, nada.
Coelho tem dito que a crise da Lava a Jato o obriga a atuar em Brasília no esforço do PSDB nacional.
Mas, se a gente procurar, quando foi que Daniel Coelho fez uma crítica de frente ao prefeito?
E Priscila Krause? É certamente o melhor quadro do DEM dos últimos anos.
Ela consegue gerar notícias sobre a administração de Paulo Câmara pela habilidade de ler no diário oficial e no Portal da Transparência uma série de notícias sobre inconsistências do governo Paulo Câmara.
Mas, não vai para o embate com o prefeito.
Semana passada ela produziu uma competente crítica sobre uma bobagem da administração do governo em mandar pagar R$ 10,4 milhões de taxas de órgãos estaduais a cidade do Recife.
Mas, o seu foco foi Paulo Câmara, não Geraldo Júlio.
Embate frontal, Priscila fez poucos desde que se elegeu deputada estadual.
O caso mais curioso é do deputado Silvio Costa Filho.
Ele criou um título para ele mesmo que até hoje ninguém entende: Líder da Bancada de Oposição na Assembleia.
No começo do seu novo mandato, ele despachou uma tempestade de releases para as redações dos jornais e TVs que eram comentários sobre o que os órgãos de comunicação publicavam.
Era assim: De segunda a sexta-feira, às 11 horas ele distribuia um comentário, em tom de denúncia, sobre o que já havia sido publicado.
Diferentemente de Priscilla Krause, que pesquisava suas informações sobre o governo de estado, Costa Filho, ou sua assessoria, limitava-se a um “disse que” sobre o que já estava na mídia.
Mas, ainda assim o foco de sua crítica era Paulo Câmara.
Não há nada contra Geraldo Júlio de forma consistente.
E Edilson Silva?
Na esteira de suas críticas ao govenro do Estado ele se elegeu com discursos urbanos sobre o governo Eduardo Campos e seu partido e, ele mesmo, teve participação no embate com o prefeito no José Estelita.
Eleito, Silva abriu um debate sobre os contratos de PPP da Arena Pernambuco.
Seu primeiro requerimento foi a remessa de todos os atos relativos ao projeto.
Não se sabe se por maldade, ou para testá-lo, o governo mandou 3.000 páginas de documentos e o deputado não soube como processá-las.
Depois de um mês ele se limitou a mandar cópias para o ministério público que deve oferecer uma denúncia.
O mais constrangedor, para Silva, foi no dia de uma audiência pública ele sair da sala dizendo ter um outro compromisso.
Nunca mais disse nada de mais consistente sobre o tema que é estadual.
Ou seja: contra Paulo Câmara.
Tudo isso é um mar de tranquilidade política para Geraldo Júlio.
Durante três anos ele gozou de uma pasmaceira da oposição e, naturalmente, ocupou todos os espaços, inclusive, do governo do Estado.
O prefeito é, certamente, a pessoa que mais se afirmou como liderança depois da morte de Eduardo Campos. É bem verdade que comandar a Prefeitura do Recife ajuda.
Mesmo que não queira, qualquer pessoa que sente na principal cadeira no 9º andar vira um personagem importante.
Não é a pessoa, é o cargo. É a importância do cargo.
Sentado na cadeira, seja Geraldo Júlio ou qualquer outra pessoa, é importante.
Em três anos, Geraldo Júlio só perdeu para ele mesmo.
No caso da ausência, naquela tromba d’água que o Recife sofreu no começo do governo, na gestão atabalhoada no Projeto Novo Recife, que lhe custa caro até hoje e recentemente quando atuou como uma espécie de Gestão Snapchat editando decretos que horas depois teve que voltar atrás.
Mas, ainda assim não fez isso devido a pressão de nenhum de seus possíveis adversários. É por isso que ele sonha ser candidato único.
E, dependendo do que seus adversários lhe confrontaram até agora, ele até pode ser.
Em termos de apresentação ao público como oposição, sim.