O presidente do Senado e líderes dos partidos tiveram reunião para discutir sessão do Senado que decidirá sobre manutenção ou não da prisão do líder do governo, senador Delcídio Amaral. “Defendo que o Senado cumpra a sua responsabilidade constitucional ainda no dia de hoje.
Manter em suspenso transfere uma questão extremamente grave que circunda um senador da República para todo o Senado Federal.
Fizemos uma alteração profunda, através de emenda constitucional, no artigo 53 da Constituição e nossa interpretação, por maioria dos membros do Senado Federal, é que deve-se dar por votação aberta.
Essa é a posição, do PSDB”, defendeu o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. “Esperamos que o Senado possa, mesmo com todo o impacto que essa medida tomou, e pela gravidade das acusações ali constantes, nós esperamos que o Senado possa votar ainda no dia de hoje pela manutenção ou não da prisão do senador”. “Acho que todos nós do Congresso Nacional, e grande parte da sociedade brasileira, fomos pegos de surpresa com a prisão do senador Delcídio (Amaral) na manhã de hoje.
Os fatos relatados até aqui são extremamente graves e em reunião com o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, acompanhado de outros líderes partidários, sugeri que a manifestação do Senado ocorra logo após o recebimento dos autos, o que deve estar ocorrendo nas próximas horas”.
Os jornalistas perguntaram: Qual será seu voto? “Não cabe antecipar aqui.
Mas, como acabei de dizer, acho que ficou absolutamente clara a tendência do PSDB.
Posso repetir que a posição do PSDB, a meu ver, é acompanhar a decisão do STF.
Vamos reunir a bancada nessas próximas horas, mas a posição do STF, por unanimidade e como é de conhecimento, votou pela prisão do senador”.
Aécio Neves não disse se havia uma preocupação no Senado de que outros senadores sejam presos. “Existe um caso específico que está sendo tratado e é sobre ele que estamos tratando hoje.
Temos que fazer valer o que prevê a Constituição e, do ponto de vista político, nosso esforço ou pelo menos a nossa sinalização é de que seria mais adequado não postergarmos isso, não deixarmos isso para semana que vem ou para daqui a alguns dias.
Acho que essa questão tem que ser discutida hoje extraordinariamente, mesmo que dure a noite, a madrugada inteira, pelo plenário do Senado Federal.
Agora, trata-se da instituição, e creio que, a meu ver, o sentimento majoritário deverá ser nessa direção”.
Diante da confusão, o líder tucano acha que a semana legislativa foi para o espaço. “O ambiente político está conturbado.
As denúncias são extremamente graves.
Acho muito difícil que o Congresso, por exemplo, que tinha uma reunião marcada para hoje, se reúna esta semana.
Acho que há já um entendimento para que isso não ocorra.
Temos que tratar aqui das questões prioritárias, e a prioridade que se impõe nesse instante é a definição em relação à situação do senador Delcídio.
Por isso, sugeri ao presidente do Senado Federal que, logo que receba os autos que estão sendo enviados a ele, espero que nas próximas horas, possamos nos reunir em sessão extraordinária e deliberar sobre essa questão”.
Como era de se esperar, o tucano falou ainda de Dilma e a reação do Palácio do Planalto ao novo escândalo. “Tudo que diz respeito à Operação Lava Jato está umbilicalmente ligado ao Palácio do Planalto.
Qualquer cidadão mesmo aquele que acompanha com mais distância o que acontece hoje no Brasil sabe que a gestação desse processo se deu durante muitos anos e sempre com o beneplácito do Palácio do Planalto.
Não se montaria um esquema desse vigor, como as denúncias a cada dia confirmam, se não houvesse obviamente o beneplácito do governo.
Até porque, foi em última instância o grande beneficiário de todo esse esquema. É importante que nós lembremos sempre isso.
Não tenho dúvida de que a partir do aprofundamento dessas delações ou pelo menos a partir do momento em que elas venham à tona fica absolutamente claro para todos nós a proximidade de todo este esquema com o Palácio do Planalto.
Sem a aquiescência, sem o beneplácito do Palácio do Planalto, seria impossível montar um esquema desta complexidade, desta profundidade, que acabou por manter o atual grupo político no poder”. “Acho que questões como esta obviamente impactam sim no governo.
Não é uma questão de a oposição querer ou de a oposição gostar ou deixar de gostar.
Confesso que do ponto de vista pessoal, até pelas relações pessoais que temos aqui com o senador Delcídio, isso traz um impacto a todos nós.
Nós convivemos aqui diariamente e sempre tive uma relação muito correta e republicana com o senador Delcídio.
Mas nesta hora temos de atuar fazendo que a Constituição seja respeitada e que as instituições sejam preservadas.
E a decisão do STF dificilmente será contestada pelo Senado Federal”.