Depois do polêmico Uber, o prefeito Geraldo Julio (PSB) se prepara para regular, no Recife, os carrinhos de comida de rua (food truck).
Eles operam pela capital, mas não existe uma regulamentação, como acontece em São Paulo.
Os food trucks são apontados por especialistas como uma das principais tendências de micro e pequenos negócios para 2015.
Tudo que amplie mercado empresarial e reduza a influência estatal é bom.
Em São Paulo, atualmente existem rodando pela capital paulista aproximadamente 150 food trucks.
Destes, 63 responderam a primeira pesquisa do setor de comida de rua, colhida durante os meses de junho, julho e agosto de 2015.
A coordenação e produção da pesquisa são da Agência Recriativi e da Anunciattho Comunicação.
O objetivo foi entender melhor como pensam os empreendedores que apostaram no negócio de comida de rua, em São Paulo.
Veja abaixo alguns resultados interessantes.
A pesquisa aponta que os preços cobrados pelos alimentos e bebidas em food trucks na capital paulista estão mais variados e mais convidativos para o consumidor.
Isso porque mais de 75% dos empresários afirmaram que os produtos que comercializam custam até R$ 30. “Os food trucks conseguem atender um público interessado em alimentos diferentes, saborosos, bem servidos e de qualidade”, explica Carla Somose, uma das idealizadoras do guia Food Truck nas Ruas e curadora de eventos do mercado de comida de rua.
Os locais de parada dos food trucks foi outro ponto abordado pela pesquisa.
Quase dois anos depois da aprovação da lei da comida de rua, em São Paulo, apenas 6% dos entrevistados têm ponto fixo em avenidas e ruas.
Já 54% atuam em eventos públicos e particulares.
Apesar de todas as dificuldades e da crise econômica pela qual o país atravessa, 35% dos food trucks registram renda média mensal entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.
Isso explica o otimismo que impera no mercado, já que 73% dos empresários pretendem ampliar as atividades com um segundo veículo ou até mesmo um ponto fixo.
A pesquisa aponta ainda que os donos de food trucks não gostam muito do termo “Gourmetização”, geralmente utilizado nas redes sociais para criticar a comida de rua: 41% dos entrevistados acreditam que o termo seja inadequado ou acham que ele prejudica seus negócios.
Novos Rumos a aposta em novos negócios foi apontada por 36% dos entrevistados como o principal motivo que os levou a investir no setor comida de rua.
Para 29%, ter um food truck foi uma realização pessoal.
Já 23% dos empresários afirmaram que o seu food truck foi o responsável por uma mudança na carreira.
Veículos 49% definiram seus caminhões como food truck normal e 39% como caminhão alto.
Food bike e food cart somaram 5% das respostas.
No Prato Os alimentos servidos pelos caminhões vão muito além dos principais hits da comida de rua (hambúrguer, hot dog e pastel).
Dos caminhões que participaram da pesquisa, apenas 14% apostaram no tradicional.
Há caminhões que servem polenta, crepe, coxinha, temaki, nhoque, risoto, burritos, nachos, tacos, cervejas artesanais, fish and chips, massas, pratos com bacalhau, grelhados, batata assada e recheada, quesadillas, waffle, pizza, churrasco etc.
Essa extensa variedade gastronômica é ideal para um país multicultural como o Brasil.
Entrevistados afirmaram que o cardápio servido é baseado em raízes das cozinhas: brasileira, italiana, norte-americana, inglesa, espanhola, mexicana, portuguesa, chinesa e natural.
Preço 19% dos entrevistados declararam que seu produto custa entre R$ 10 e R$ 15. 52% afirmaram que os alimentos comercializados por eles custam até R$ 30.
Apenas 1% tem produtos que custam mais de R$ 30.
Pontos Fixos 30% dos caminhões param em eventos públicos, 23% oferecem seus produtos em eventos particulares, 6% tem ponto fixo de parada e apenas 3% declararam apostar nos food parks.
Food Parks e Eventos gastronômicos Apenas 1% dos empresários declarou que os estacionamentos estão atendendo suas necessidades.
Já 43% se dizem satisfeitos com os eventos gastronômicos.
E 36% declararam que não estão contentes com nenhum dos dois formatos e busca novos espaços para crescer e vender mais.
Público Para 71% dos donos de Food Trucks entrevistados, o público interessado em consumir a comida de rua está em todas as regiões da cidade de São Paulo.
Apenas 11% declararam que seu cliente está concentrado nas regiões mais próximas ao Centro.
Jovens de 18 a 35 anos, apreciadores da gastronomia, pessoas com experiências internacionais e das classes B e C foram os mais citados pelos entrevistados, como clientes assíduos.
Mercado O mercado está buscando seu ponto de equilíbrio, e após um crescimento muito agressivo, em 2014 fez com que 58% informassem na pesquisa que o setor está crescendo, mas ainda precisa amadurecer.
Para 20%, é um mercado amplo a se explorar.
E para 8%, os food trucks precisam se expandir pelo Brasil para o mercado crescer efetivamente.
Já 5% não veem perspectivas muito boas para os próximos anos. 41% afirmaram que pretendem colocar mais um caminhão nas ruas, em breve.
E 31% têm projetos de franquear o seu negócio.
De acordo com 9% dos entrevistados, a melhor saída é aguardar a economia do país se estabilizar para aplicar novos projetos com comida de rua.
Faturamento 35% dos donos de food tucks afirmaram que faturam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês.
Para 25%, o faturamento fica entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
E 24% garantem que conseguem faturar mais de R$ 20 mil por mês.
Apenas 5% dos entrevistados declararam faturar até R$ 5 mil.
Polêmica 31% não gostam do termo “gourmetização” e acreditam que ele prejudica a reputação dos food trucks. 20% declararam que o uso do termo não muda seu negócio. 19% afirmam que o termo é adequado, mas precisa ser utilizado com parcimônia. 9% não gostam e acreditam que o termo já saiu de moda. 6% acham ideal a utilização do termo para definir os food trucks.
Entraves Falta de preparo de organizadores de eventos e food parks, altas taxas para participação em eventos e a burocracia para se conseguir o Termo de Permissão de Uso (TPU) para parar nas ruas de São Paulo foram apontados pelos entrevistados como os principais problemas do mercado atualmente. “Como é um setor novo, muita gente não tem o conhecimento, comprometimento e profissionalismo necessário para organizar eventos com os caminhões.
Nos eventos que o guia Food Truck nas Ruas prepara, estamos sempre atentos às necessidades dos donos de caminhões e também às expectativas do público.
Só assim é possível sobreviver neste mercado”, afirma Carla Somose.