Por Gustavo Henrique Freire, especial para o Blog de Jamildo Baixada aos poucos a temperatura do processo eleitoral deflagrado com vistas ao comando da OAB/PE a partir de 1 de janeiro de 2016, o mais acirrado em muitos anos, é verdade, é chegado o momento de desmontar os palanques.
Tão nobre quanto saber perder é saber vencer.
Durante a votação realizada ontem, dia 19, entre cerca de 13 mil inscritos, escutei de pelo menos dois colegas que, após votarem, perderam o “valor”.
Que o interesse no seu comparecimento esgotara-se quando pressionaram a tecla “CONFIRMA” no teclado da urna eletrônica. É muito sério isso.
Muito triste também.
Nada mais arrasador para quem faz política de classe com o coração e as melhores intenções do que escutar uma frase assim.
Da mesma maneira, o argumento de que a vitória nas urnas do candidato fulano de tal se deveu à prevalência do poder econômico ou a outra motivação, por assim dizer, habitante dos subterrâneos.
A classe dos advogados que eu conheço não transige ou mercadeja com o voto para as suas disputas institucionais.
Nunca.
Ela tem opinião, tem domínio dos fatos, conhece da realidade.
Sabe o que sofre.
Comparece às urnas, portanto, bastante conscientizada.
No advogado, como a História comprova, ninguém coloca arreio, cangalha ou mordaça.
Não há hipnose ou sugestionamentos.
Ingerências externas ou forças ocultas propelindo-o.
Três candidaturas absolutamente legítimas disputaram em Pernambuco a sucessão do Presidente Pedro Henrique Reynaldo Alves, sendo duas de oposição, lideradas por nomes veteranos, que já estiveram em algum momento com a situação.
Venceu por maioria de cerca de 1.240 votos, e não por um ou dez ou cinquenta, em um contingente de quase 13 mil colegas, a chapa “A ORDEM AVANÇA”, encabeçada pelo advogado Ronnie Duarte.
Há de se respeitar a voz das urnas.
Olhar para a frente, não pelo retrovisor.
A Comissão Eleitoral atuou com firmeza, transparência e celeridade.
O processo transcorreu todo ele com normalidade.
Parabéns, nesse sentido, aos que a compuseram, representadas pelo Presidente Renato Rocha.
As restrições do Provimento nr. 146/2011, do Conselho Federal da OAB, foram à risca obedecidas.
Militâncias de parte a parte fizeram o seu papel, sem qualquer tipo de tolhimento.
A voz de quem quer que seja foi cassada.
Cada candidatura pôde livremente expor as suas propostas.
Desenvolveu-se uma disputa acirrada, que agora terminou.
A hora é de virar a página.
Não de remoer mágoas.
Volto à frase: tão nobre quanto saber perder é saber vencer.
E muito embora para a Imprensa atraia mais o lado polêmico do processo de escolha, os desencontros ao invés dos encontros, não é disso que se trata, em maior e melhor análise.
Nem pode ou deve.
Não somos nós advogados etnias em guerra, xiitas contra sunitas, judeus contra palestinos.
Somos irmãos de profissão.
Todos abraçamos o sacerdócio da advocacia.
Estamos no mesmo barco.
Não somos tribos em autofagia desembestada.
De lado, assim, os pontuais excessos cometidos, toda reivindicação eleitoral soma ao processo.
Toda ela agrega conteúdo, enriquecendo a discussão.
A partir do comparativo entre elas, o eleitor firma a sua escolha.
O que a todos, certamente, move e inspira é o desejo de uma OAB cada vez mais atuante, prestadora de serviços, engajada nos principais temas que mexem com as pessoas e os seus direitos. É bradar por uma prestação jurisdicional mais eficaz e pelo respeito incondicional às prerrogativas da nossa profissão.
As discordâncias eleitorais se esgotam, meramente, no aspecto alusivo a como chegar a esse fim.
Quis a advocacia pernambucana que o caminho fosse o da continuidade.
Parabenizo os ilustres colegas Jefferson Calaça e Emerson Leônidas por que possibilitaram esse contraditório na disputa ontem encerrada.
A voz das urnas é soberana.
Ao final, cabe-nos nunca olvidar que a OAB há de sobreviver aos seus transitórios inquilinos.
Mandato algum pertence a quem a ele concorre.
Pertence, isto sim, à classe, tanto quanto à sociedade.
Que o diálogo entre situação e oposição seja fluente.
Portas sempre abertas.
Quando um não quer, dois não brigam.
Pelo bem da classe e da sociedade, destinatárias do nosso esforço, este é o compromisso que todos somos agora convocados a assinar.
Parabenizo as candidaturas concorrentes e a elas agradeço nesse espaço.
Sim, claro.
E por que não?
A oportunização de um debate sem censuras, sem temas-tabus, produz resultado de credibilidade infinitamente maior.
Quanto a mim, sigo a partir de 1 de janeiro de 2016, com o Presidente Ronnie Preuss Duarte, para o quarto mandato no Conselho Seccional.
Esperançoso de que outros desafios surjam à minha frente.
Estou pronto a abraça-los.
Para mim, o voluntariado de OAB é uma escolha e minha sede de aprendizado é insaciável.
Desde já, coloco à disposição dos colegas, o que votaram na chapa que compus e os que não votaram, essa representação.
Muito se fez.
Muito mais, contudo, resta a ser feito.
Passada a ressaca da festa dos vitoriosos, chegará o momento de botar a mão na massa e mostrar serviço.
O recado das urnas assim se fez ouvir.
E todos nós, que fomos eleitos, a ele responderemos à altura, disso fiquem certos os colegas da capital ao sertão.
Vida que segue.