Foto: Lula Marques/ Agência PT Estadão Conteúdo - A manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para anular a sessão do Conselho de Ética em que seria apresentado oficialmente o relatório preliminar favorável ao seu processo de cassação revoltou parlamentares de vários partidos.
Cunha perdeu o controle do plenário e cerca de 100 deputados abandonaram a sessão.
As críticas partiram de parlamentares da oposição que, até recentemente, apoiavam Cunha.
O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), acusou o presidente da Câmara de fazer “chicana”, ao tentar estender a sessão desta quinta-feira, 19, até as 18h, como pretendia Cunha inicialmente para impedir que a sessão do Conselho de Ética fosse retomada. “Essa Casa vai julgar a imoralidade.
Não tem chicana que resolva.
Pode adiar, mas o momento chega”, disse Freire em plenário.
LEIA TAMBÉM: > Eduardo Cunha chama de ‘aberração’ sessão informal do Conselho de Ética > Tucanos contestam manobra para adiar leitura de relatório sobre Eduardo Cunha no Conselho de Ética > Ministro do STF defende afastamento espontâneo de Eduardo Cunha Deputados passaram a ignorar as falas de Cunha e se manifestavam ao mesmo tempo em que o presidente.
Só houve silêncio quando a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) começou a falar.
Colocada de pé em sua cadeira de rodas, ela falou cara a cara com o presidente. “Gostar do senhor me fez perceber que o senhor nos chama de imbecis muitas vezes”, disse a parlamentar. “O senhor tem que dar exemplo.
O senhor não está dando exemplo.
O senhor está perdendo, a cada dia, a legitimidade de presidir.
O senhor está com medo? É isso que está acontecendo?”, questionou Mara. “Chega, senhor presidente.
O senhor não consegue mais presidir.
Levante desta cadeira, Eduardo Cunha, por favor”.
Conselho A deputada então convocou os parlamentares a deixarem o plenário e seguirem para a sala onde ocorria a sessão do Conselho de Ética.
Servidores saíram dos gabinetes para aplaudir os deputados que abandonaram o plenário.
Do PT, sigla que se aproximou de Cunha recentemente, integrantes da corrente CNB ficaram no plenário.
Rouco e diante de um plenário esvaziado, Cunha suspendeu a anulação da sessão, mas continuou sendo alvo de críticas. “O fato de hoje derruba de uma vez por todas a autoridade do presidente da Casa.
A tentativa de obstruir de forma indevida este trabalho (do Conselho de Ética), ele perde as condições operacionais de tocar o dia a dia do Parlamento.
Acho que hoje foi sepultada a presidência de Eduardo Cunha”, disse o líder da Minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE).
Ao deixar o plenário, Cunha se disse alvo de golpe. “Na prática, tem uns do PT que reclamam que tem golpe contra eles, mas tentam dar o mesmo golpe.
Isso que aconteceu.”.
O presidente da Câmara negou que ele e seus aliados tenham manobrado para impedir a votação no Conselho de Ética. “Não fiz manobra nenhuma nem vou fazer.
Não há razão para isso.
Não estou preocupado.” As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.