Encerrada a campanha da OAB, contado os votos, resultado conhecido, o Blog de Jamildo solicitou a assessoria dos candidatos que dessem um testemunho pessoal sobre a guerra da comunicação, após meses de trabalho, na mais acirrada campanha que se teve notícia no Estado.
Como a área de comunicação interessa a todos, nós acreditamos que os relatos são úteis para se entender todo o processo e aprender com a experiência.
Quem dá o start é Marianne Brito, que cuidou da comunicação de Jefferson Calaça.
Soninha Lopes, que cuidou da comunicação de Ronnie Duarte, prometeu batucar umas pretinhas para segunda-feira.
A eleição nos blogs, whatsapp e facebook Por Marianne Brito, especial para o Blog de Jamildo Vai levar algum tempo para eu me acostumar a não olhar para o celular a cada 30 segundos, para conferir as mensagens nos grupos de coordenação e de comunicação da chapa É Hora de Mudar, que disputou a eleição da OAB-PE.
Poderia ser pior, porque eu estava em apensas 3 grupos de Telegram e em 2 dos 26 grupos de WhatsApp criados com finalidades específicas como mobilização, comunicação e tomada de decisões estratégicas.
Por mais que eu tivesse certeza do que deveria ser feito ainda haveria uma última mensagem a ser enviada, sempre para o mesmo número, o de Jefferson Calaça.
Como candidato ao cargo de presidente da OAB ele era o mais bombardeado por torpedos, ligações e postagens nas mídias sociais.
Ainda assim Calaça era receptivo, lúcido e coerente em suas decisões.
Tudo feito muito rápido, na velocidade da comunicação digital.
A campanha feita por advogados para advogados teve um tom surpreendentemente agressivo.
Amigos, sócios, colegas de escritório e parentes usaram as cores dos seus candidatos e colocaram seus times no campo das mídias sociais.
Conter os mais exaltados, em todos os lados, foi tarefa impossível de realizar.
Na ausência de um guia eleitoral, todas as batalhas diretas foram travadas no Facebook.
Você viu o que foi postado?
Era a senha para que a comunicação se posicionasse, dizendo o que deveria ou não ser respondido.
Ataques na página da nossa Chapa, na forma de comentários agressivos, aconteciam nos horários mais imprevistos, como às 22h de uma sexta-feira, quando todo gestor de mídia social sabe que a visibilidade é baixíssima, ou seja, a postagem vai atingir poucas pessoas.
Mas em campanha a regra é outra e tivemos que nos adaptar.
Assim, a quantidade de postagens em um único dia era três, quatro, cinco vezes maior do que o recomendado para divulgar um produto ou uma empresa.
Um momento decisivo foi a criação da página da chapa É Hora de Mudar no Facebook.
O ideal era não começar do zero, mas a única alternativa seria utilizar a página do movimento A Ordem É Para Todos, que já tinha 12 mil seguidores.
Um motivo forte afastou de imediato essa possibilidade.
O Movimento foi criado para discutir os problemas da advocacia em Pernambuco e não deveria jamais ser confundido com uma campanha para assumir a Ordem.
Saímos no prejuízo e pagamos o preço de não conseguir um número expressivo de pessoas visualizando nossa postagem.
Para resolver essa questão tínhamos os grupos de WhatsApp com mais de 2 mil advogados dispostos a curtir, compartilhar e, principalmente, comentar as postagens para gerar engajamento.
Os vídeos fizeram a diferença.
Usamos o que há de mais simples para produção de audiovisual: os smartphones.
Tudo gravado no celular, com custo zero, que era o orçamento que tínhamos para trabalhar.
Mesmo sem poder impulsionar as postagens os vídeos geravam uma reação imediata e o número de compartilhamentos e visualizações chegava a milhares de pessoas atingidas.
Mas nada disso é a minha praia.
Como jornalista, estava preparada para levantar informações que interessassem os colegas que cobrem o setor de Política nos jornais.
Em vez de notícias impressas, que se resumiram a uma ou outra nota, foi nos blogs jornalísticos que aconteceu a mais ampla cobertura de todas as eleições já realizadas pela Ordem dos Advogados em Pernambuco.
A primeira consequência é óbvia.
Enquanto você tem um dia inteiro para analisar, repercutir e responder um texto de jornal, nos blogs é tudo imediato.
A segunda é que a maior parte dos textos é postado na forma de artigos ou releases, onde não há a necessidade de se ouvir o outro lado.
A velocidade com que as notícias iam e vinham exigiu principalmente uma disponibilidade irrestrita dos coordenadores da campanha, que eram acionados com frequência, a qualquer hora do dia.
Viu o que saiu em Jamildo?
Era a senha para a equipe de comunicação largar tudo o que estava fazendo para providenciar outro texto, que também fosse impactante.
A atuação dos advogados que cuidaram da parte eleitoral da campanha foi nossa maior fonte de notícias.
Na reta final o ponto alto foram as duas liminares da Justiça Federal, determinando que a OAB apresentasse prestação de conta com os gastos de publicidade no ano de 2015.
A eleição foi rápida, durou 8 horas.
A apuração acabou em cerca de 1 hora.
Mas a comunicação, essa independe de mandatos, ela tem vida própria e segue seus caminhos digitais, sempre na ordem do dia.