Por João Arnaldo Novaes candidato à presidência da CAAPE O principal papel de uma eleição é garantir que o debate sobre ideias e propostas para uma gestão seja realizado democraticamente e permitir que os eleitores possam escolher dentre as candidaturas, a que melhor os representem.
Mas, para isso acontecer de forma adequada, há dois pressupostos principais.
O primeiro é que todos tenham informações sobre a gestão e os recursos utilizados pela instituição, quanto foi arrecadado e em que esses recursos foram aplicados.
Estamos no ano de 2015.
A legislação brasileira já consolidou essa obrigação a todos os agentes públicos, com a Lei de Acesso à Informação.
Ao mesmo tempo, o avanço da tecnologia já possibilita a qualquer instituição demonstrar, em tempo real, os dados sobre a gestão, com todas as suas receitas e despesas sem qualquer dificuldade. Às vezes, uma eleição pode ainda ter efeito pedagógico.
Muitos advogados e advogadas descobriram no meio do processo eleitoral em que se encontra a OAB, que sua própria instituição, em Pernambuco, está deixando de cumprir uma obrigação elementar e tão essencial, que é a de garantir transparências sobre receitas e os gastos de sua gestão.
E quanto a isso, não se admite falar em balancetes genéricos ou superficiais.
A transparência necessária é aquela que detalha as despesas, em condições que permitam a toda a advocacia conhecer em detalhes em que foi aplicado cada centavo da instituição.
A transparência não é um capricho, é uma obrigação legal.
E a sua ausência ou inexistência indica a intencionalidade do gestor.
Por que esconder a verdade?
Por que não demonstrar para toda a classe e para sociedade como a instituição aplica seus recursos?
O que podemos esperar de uma gestão que joga a informação para debaixo do tapete?
Afinal, aliada à transparência, está a participação.
Os advogados e advogadas têm direito a avaliar a qualidade dos gastos da instituição que financiam e se pronunciarem sobre tais gastos.
Em outubro, a chapa de oposição É Hora de Mudar, ingressou na Comissão Eleitoral com um pedido de suspensão da publicidade institucional da OAB durante o período eleitoral.
Reconhecendo que se configurava abuso de poder econômico, a comissão acatou o pedido e proibiu a atual gestão de manter a propaganda institucional, que servia apenas para promover os membros da gestão que são candidatos no pleito em curso.
Com isso, a chapa encabeçada por Jefferson Calaça conseguiu impedir a imoralidade de que toda a classe continuasse a financiar, com suas anuidades, a publicidade transversa para promover a chapa situacionista, o que constitui um verdadeiro escândalo.
Ontem, dia 16 de novembro, antes mesmo de ganhar as eleições, a chapa de oposição É Hora de Mudar, obteve uma das maiores conquistas da advocacia pernambucana em 2015.
Através de ação judicial, obteve decisão liminar que obriga a OAB-PE a apresentar em 48h a prestação de contas da gestão.
Depois de vários meses requerendo informações sobre os gastos da OAB, sem receber qualquer resposta, a atual gestão se vê obrigada, por imposição judicial, a revelar o que todos temos o direito de saber. É lamentável que advogados tenham que buscar na Justiça o direito de saber o que é feito com o seu dinheiro.
Infelizmente, assistimos à nossa própria entidade violando uma das principais manifestações da nossa cidadania.
Por outro lado, felizmente, agora a verdade terá que ser revelada para assim poder ser fiscalizada.
Seria esse o receio da atual gestão?
O que há a temer?
A Chapa É hora de Mudar tem o compromisso de implantar nos primeiros dias de gestão, o primeiro Portal de Transparência da OAB-PE, no qual todos os gastos serão detalhadamente revelados para toda a advocacia, órgãos de controle e a sociedade em geral, de forma simples, e em caráter permanentemente.
A OAB não pode mais viver no tempo da escuridão e do medo. É chegada a hora de escrever uma nova história. É chegada a hora do tempo de luz, da verdade e da transparência. É Hora de Mudar!