Os destinos da cidade de Gravatá, até dezembro de 2016, ao menos, serão decididos por um coronel da PM com amplo espaço no Palácio do Campo das Princesas.

O governador Paulo Câmara acaba de oficializar o nome do coronel Mário Cavalcanti, chefe da Casa Militar, como interventor do município, após o afastamento do prefeito Bruno Martiniano (sem partido) pelo TJPE.

O coronel Mário Cavalcanti ganhou muita visibilidade e reconhecimento com o ex-governador Eduardo Campos ainda, depois das enchentes no Litoral Sul e o lançamento da Operação Reconstrução.

De acordo com o coronel, o trabalho no município começa já nesta quarta-feira (17). “Amanhã [quarta] estarei às 8h na Prefeitura de Gravatá para começar a trabalhar pela melhora do município”, disse o interventor.

Servidores do Governo de Pernambuco vão formar uma equipe para ajudar o interventor, de acordo com o coronel, devem ser nomes da Controladoria Geral do Estado, Procuradoria Geral do Estado, Saúde e Educação.

De acordo com Paulo Câmara, o interventor terá a que tomar as providências para restabelecer os serviços públicos do município. “Existe uma paralisia na cidade, existem relatos de atrasos nos salários e problemas nos serviços prestados, por isso decidimos acatar de imediato o parecer dos orgãos de controle do nosso estado que são competentes”, disse o governador.

O coronel foi responsável pela experiência positiva de Pernambuco no enfrentamento de calamidades causadas por temporais, particularmente a vivida nas grandes enchentes de junho de 2010.

O trabalho realizado pelo governo pernambucano mobilizou todas as esferas do poder público e a sociedade para atender as milhares de vítimas da calamidade.

Anunciada pelo Governo do Estado em 2010, a Operação Reconstrução previa uma série de obras, a exemplo de entrega de habitacionais, recuperação de pontes e estradas, além de várias outras intervenções na infraestrutura dos municípios atingidos pelas cheias de junho daquele ano.

CORTES Ainda durante o anuncio, o coronel afirmou que existe uma grande tendência de reduzir o número de secretarias para equilibrar as contas do município, gastando menos e aumentando a receita.

Entenda o caso Nesta segunda, sem alarde, a Corte Especial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), composta por 15 desembargadores, acatou por unanimidade o pedido de liminar do Ministério Público de Pernambuco que solicitou o afastamento temporário imediato do prefeito de Gravatá, Bruno Coutinho Martiniano Lins.

Os desembargadores acompanharam o voto do relator do processo, desembargador Eurico de Barros.

O magistrado alega que a permanência do prefeito no cargo poderia acarretar em danos irreparáveis ao município e ao erário.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) indicou, entre outras irregularidades, praticadas na Prefeitura do Município de Gravatá a ocorrência de obstrução aos trabalhos do TCE-PE; contratação de empresa para coleta de lixo sem licitação; superfaturamento no recolhimento do lixo local nos anos de 2013 e 2014; falsificação no processo de dispensa de licitação do lixo; disposição de lixo em aterro sanitário sem licença; desvio de valores retidos de servidores devidos ao INSS no exercício de 2013; sonegação de contribuição patronal ai instituto municipal de previdência no mesmo exercício; não executar o devido recolhimento de contribuições à Receita Federal; fraude para afastar licitante de processo licitatório; falsificação de documento para facilitar processo licitatório e fornecimento gracioso de atestados de execução de obras, tudo devidamente discriminado e com juntada de farta documentação que aparenta demonstrar todo o alegado, requerendo a concessão de liminar intervencional e, ao final, a decretação definitiva da intervenção estadual.

LEIA TAMBÉM: > TJPE aprova intervenção em Gravatá por unanimidade > Bruno Martiniano fica no cargo até Paulo Câmara nomear interventor > Advogado particular de Bruno Martiniano quebra silêncio e rebate argumentos do MPPE pela intervenção em Gravatá Na manhã desta terça, os vereadores de oposição Luiz Prequé (PSB), Léo do Ar (PSDB), Junior de Obras (PPS), Junior de Paulo (PRP) e Dona Sônia (PP) se reuniram para discutir a decisão do TJPE. “Iniciamos as denúncias há anos,e a justiça entendeu que nos estávamos certos e afastou o prefeito”, disse o vereador Luiz Prequé.

Ainda de acordo com ele, a população comemorou a intervenção. “A população foi para a rua ontem à noite, quando soube da notícia, as pessoas começaram a buzinar nas ruas. É um sentimento de felicidade dela por ter afastado o prefeito”, acrescentou.