Por Adriana Rocha, vice-presidente da OAB-PE e candidata ao Conselho Federal da OAB Há quase 28 anos, eu, muito jovem e recém ingressa no curso de Direito da UFPE, escuto a frase de um dos maiores advogados de Pernambuco: “Minha filha, não esqueça: na advocacia não existe hierarquia entre o juiz, o promotor e o advogado.

Jamais aceite ser destratada em uma audiência!” As palavras sábias, e ditas antes da promulgação da Constituição de 1988, até hoje devem ser repetidas para os jovens que decidem definitiva ou transitoriamente abraçar a nossa honrosa profissão. É claro que a realidade atual está muito distante de 1987, sobretudo pela quantidade de bacharéis que ingressam na OAB e pela evolução do próprio Judiciário.

Mas a lição permanece e continua necessária.

Ser advogado ou advogada exige muita altivez e coragem, e essa característica independe da opção que o profissional faça por um ramo específico do Direito, ou muito menos se é um iniciante ou um veterano.

Mas se há normas explícitas que protegem e resguardam o exercício da advocacia, não se pode negar a multiplicação das dificuldades diárias enfrentadas por quem se propõe à militância.

E essa questão interessa particularmente à OAB. É dela a responsabilidade de zelar por prerrogativas, de levantar a voz contra abusos de autoridades e de defender a indispensabilidade do advogado nos processos judiciais em geral.

E se do advogado exige-se a altivez com a devida urbanidade, da Ordem exige-se muito mais.

Nesses últimos três anos, em que estive como vice-presidente da seccional pernambucana, comprovei na prática a responsabilidade necessária para lidar diariamente com as mais variadas demandas de colegas advogados.

E também a independência política que respaldou tantas batalhas contra o poder instituído, visando um único fim: o respeito ao interesse da sociedade.

Colaboramos com bandeiras de luta de outros órgãos, fizemos diversas audiências públicas, enfrentamos desmandos políticos, combatemos equívocos em decisões administrativas, inclusive do próprio Judiciário, e estivemos presentes em manifestações públicas, sempre para preservar a democracia.

Acredito que grande parte da aprovação que a OAB-PE recebeu de seus filiados nessa última gestão, sob a liderança de Pedro Henrique Reynaldo Alves, bem como o crédito que a instituição possui nacionalmente, deu-se justamente, em razão da atuação sempre independente e fundada nos já referidos preceitos democráticos que regem sua própria razão de existir.

Qualquer promessa feita por candidato à presidência de nossa Ordem que não contemple a manutenção de sua saúde financeira servindo como motivação para sua subserviência a interesses externos e contrários à sua própria história, deve ser prontamente rechaçada por toda a classe.

Discursos sectários ou demagógicos igualmente não são merecedores de eco entre os que defendem uma OAB plural, pronta para ser a voz de toda a sociedade e não apenas de uma fatia dela.

Por isso acredito que não podemos tolerar a diminuição de nossa independência e de nossa força.

Vamos avançar, com a força do trabalho de um grupo que se renova sempre e que não tem receio de críticas construtivas, que sabe ouvir, que não quer respostas prontas, e que tem propostas sérias e irá cumpri-las, como sempre fez.

Essa é a OAB que interessa a todos nós.