Por Ayrton Maciel, especial para o Blog de Jamildo “Ele defende a ditadura militar, considera a tortura uma prática legítima e é considerado, por suas posições nacionalistas e conservadoras, de extrema direita”.
A frase abre o convite para a audiência pública, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, a Casa da Democracia, com o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), nesta sexta-feira (06).
A história do homem é a história do flagelo da tortura.
Na Idade da Pedra, o homem era o animal do homem.
Na Antiguidade, povos - nações, etnias, tribos - subjugavam povos, a barbárie era o traço dos incivilizados.
Na Idade Média a tortura era prática comum entre os povos que se proclamavam civilizados, como os romanos.
No início desse período, viveu Jesus, que foi açoitado e humilhado por judeus e soldados romanos, carregou a própria cruz, recebeu uma coroa de espinhos e foi crucificado.
Bolsonaros eram os soldados romanos, as autoridades judáicas e o povo judeu da época, porque Bolsonaro é um pretoriano do suplício.
A dor não o constrange nem o envergonha, como atesta o convite.
O bolsonarismo não morre porque é uma ideia, é a concepção de poder e da subjugação pela força.
Bolsonaro foi membro de cruzada, soldado dos conquistadores e dos colonizadores afligindo os nativos das Américas, da África e da Ásia, serviu a senhores feudais e aos exércitos nacionais nos territórios invadidos e à contenção do próprio povo em rebeliões.
Foi pagão, cristão e muçulmano.
E foi ateu.
Sobreviveu a todas as épocas.
O advento da Idade Moderna não foi o fim da tortura, nem a passagem da época Contemporâneo tem sido capaz registrá-la só nos livros de história.
A tortura acompanha a história do homem.
Por isso, Bolsonaro não é um só.
Estiveram nas revoluções, nas guerras civis, na época dos czares, na Primeira e Segunda Guerras, na Alemanha nazista e no Estado Soviético, foram quadros da Gestapo, KGB e CIA.
Capitanearam a Guerra Fria e reapareceram, declaradamente, em Guantânamo há pouco mais de uma década.
Na forma de barbárie, é prática pública do Estado Islâmico.
No Brasil, Bolsonaro e a tortura foram quadros do Estado Novo e dos militares de 1964, e são guardas pretorianos em delegacias e presídios.
A ideia não morre, o Bolsonarismo vive.
Cabe à parte da humanidade que evoluiu impedir que volte a ser poder.
Agora, se Bolsonaro for apenas um personagem dele mesmo, aí é arte.
Precisa de toda a liberdade para se expressar.
Ayrton Maciel é jornalista.