Por Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife Não haverá cortes no programa Bolsa Família, conforme reafirmou ontem, na abertura da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff.
As pressões nesse sentido, desferidas pela oposição parlamentar e parte da grande mídia, refletem a carga de preconceito e de insensibilidade social inserida na presente onda conservadora.
LEIA MAIS: » Em evento do Consea, Dilma volta a negar cortes no Bolsa Família » Humberto volta a criticar proposta de corte no Bolsa Família Não é de agora que não são poucos os que se posicionam assim.
Há políticos de notória ira reacionária que classificam esse, que é o maior programa social do mundo, de “safadeza do PT” e que prejudica (sic) a contratação de mão de obra, por exemplo, no eixo da cana em Pernambuco.
Ou seja: ao invés de libertar o trabalhador secularmente superexplorado e lhe dar a chance de reorganizar a própria sobrevivência, se devia condená-lo a permanecer como está.
O fato é que, em 10 anos, o Bolsa Família tirou 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza. » Corte no Bolsa Família é como vender a jóia da coroa, afirma Agripino » Para Aécio, corte no Bolsa Família evidencia a falência do governo do PT Isso incomoda profundamente os ocupantes da casa grande e contraria, em seus preconceitos, expressiva parcela dos setores médios da sociedade.
O mesmo cidadão abastado, ou que assim se julga, que se constrange ao encontrar sua faxineira no salão de embarque do aeroporto aguardando o mesmo voo, não admite a mobilidade social que alcança milhões de brasileiros e brasileiras extremamente pobres.
Dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome revelam que mais de 13,7 milhões de famílias foram beneficiadas pelo programa até agosto deste ano.
Desde 2003, quando foi lançado, o governo federal já destinou quase R$ 120 bilhões aos beneficiados.
Só este ano já foram mais de R$ 16,4 bilhões.
Atuando como socorro aos que se situam abaixo da linha de pobreza, mas proporcionando além da assistência imediata a porta de saída do sistema para inclusão social produtiva, o programa merece sim, a blindagem que lhe tem conferido a presidenta Dilma. » Relator do orçamento da União de 2016 propõe corte de 35% no Bolsa Família Há que se reconhecer também - o que tem sido reverenciado pela FAO e organismos de vários países do mundo - a eficiência do sistema que dá suporte ao programa, transferindo mensalmente renda, com condicionalidades, a famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal com renda de até R$ 70 por integrante.
Na aferição do valor do benefício, que varia entre R$ 32 e R$ 306, o governo leva em consideração o número de integrantes, o total de crianças e adolescentes de até 17 anos e a existência de gestantes e nutrizes.
As famílias, em contrapartida, assumem compromissos como fazer o acompanhamento pré-natal das gestantes, manter as cadernetas de vacinação das crianças em dia e fazê-las frequentar a escola, além de atualizar o Cadastro Único sempre que necessário.
Daí a contribuição decisiva do programa para que a ONU considere o Brasil tecnicamente livre da fome.
Adiante, superada a fase crítica atual, com a retomada do crescimento econômico em bases inclusivas, a mobilidade social via Bolsa família renovará o seu ritmo.