Da Folhapress Os três integrantes do Conselho de Ética sorteados para a possível relatoria do processo de cassação contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disseram nesta terça-feira (3) que, se escolhidos, estão preparados para suportar a pressão -dois afirmam que não apoiarão arquivamento sumário da representação, que é uma das possibilidades.

O nome do relator será anunciado nesta quarta-feira (4) pelo presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA).

Os dois que se dizem contrários à tese de arquivar o caso sumariamente são Zé Geraldo (PT-PA) e Vinicius Gurgel (PR-AP).

Fausto Pinato (PRB-SP) não quis emitir opinião antes da escolha.

Desde que o PSOL e a Rede protocolaram no Conselho de Ética a representação para cassar o mandato de Cunha, o Palácio do Planalto discute um acordo com o peemedebista.

LEIA TAMBÉM: > Vou provar que não faltei com a verdade, diz Cunha > Petista sorteado pelo Conselho de Ética vê ‘muitas evidências’ contra Eduardo Cunha > Conselho de Ética sorteia deputados do PT, PR e PRB para relatoria do caso Eduardo Cunha > Câmara inicia processo de cassação de Cunha No PT, esse movimento é liderado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo presidente do partido, Rui Falcão, que já deram recados claros de que pretendem enquadrar os deputados da bancada.

O objetivo do Planalto é evitar que Cunha deflagre a tramitação do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, além de obter uma blindagem sobre Lula e familiares nas CPIs da Câmara que trabalham sob a influência do peemedebista.

Zé Geraldo (PT-PA), que lá atrás já disse torcer para que o conselho não tenha que tirar mandatos, agora afirma que são muitas as evidências contra Cunha e que os indícios são fortes.

Apesar de dizer que agirá com isenção -“partido é partido, religião é religião, Conselho de Ética é Conselho de Ética”-, ele admite que receberá pressão do partido e que irá ouvir as considerações de Lula e Rui Falcão. “Vou conversar, vou ouvir a todos”, ressaltando que um parecer final sobre o caso só virá à tona em 2016. “Muita água vai passar ainda debaixo da ponte.” “Uma coisa é o que acontece no dia a dia da política.

Outra é o trabalho dos partidos na comissão de ética.

O PT como partido entende que temos que cumprir o papel como integrante do conselho”, afirmou, sobre o acordo, acrescentando que “esse jogo [o entendimento Cunha-Planalto] tem um limite”.

Vinicius Gurgel disse que todos têm compromisso com suas consciências. “Se realmente for apurar o que tem de irregularidades, tem que ir até o final.” Ele afirmou que se for escolhido, pedirá auxílio à Procuradoria-Geral da República, que denunciou Cunha sob a acusação de participação no esquema de corrupção da Petrobras.

Outro inquérito foi aberto porque o deputado tirou uma fotografia quando estava em frente da urna eletrônica.

Mas o Ministério Público propôs fazer um acordo, chamado de “transação penal”, pelo qual o processo é extinto se houver prestação de serviços comunitários e pagamento de cestas básicas.

Pinato disse que só se manifestará caso seja escolhido relator. “Sou independente em relação ao Cunha e estou preparado para sofrer qualquer tipo de pressão”, afirmou.

O deputado foi eleito com pouco mais de 22 mil votos, de carona na expressiva votação de Celso Russomanno (PRB-SP).

STF Dois dos três possíveis relatores do caso de Cunha são alvos de ação penal ou inquérito no Supremo Tribunal Federal.

Fausto Pinato responde a ação penal por crimes de falso testemunho e denunciação caluniosa.

Segundo a denúncia, o deputado e seu pai provocaram a investigação policial em que imputavam os crimes de injúria e difamação a um adversário da família.

Para o sucesso da empreitada, diz o Ministério Público, Fausto teria convencido duas pessoas, mediante oferecimento de vantagem, a testemunharem contra esse adversário.

O caso está sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso.

Vinicius Gurgel é alvo de inquéritos por crimes eleitorais, como compra de votos, e contra a ordem tributária.

Em um dos casos, o Ministério Público teria encontrado dois homens com dinheiro e material de campanha do deputado e aliados, além de anotações e também celulares indicando combinação de compra de votos.

Pinato afirma ser inocente. afirmando haver um parecer do Ministério Público de primeira instância de São Paulo pedindo o arquivamento do caso. “Vou ser absolvido, não tenho dúvida nenhuma.

Como assumi, o caso teve que vir para o STF”, afirmou.

Gurgel disse que uma doença na família resultou na dívida que gerou o inquérito contra a ordem tributária. “Em 2006, meu pai passou um ano internado em São Paulo e eu não declarei no Imposto de Renda e parcelei a dívida.

Tenho todos os comprovantes.” Já no caso no inquérito por compra de votos, disse que não chegou a ser alvo direto da investigação e que os envolvidos já foram absolvidos no Amapá.