A verba parlamentar destinada ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi utilizada para abastecer a frota de carros de luxo da Jesus.com e da C3 Produções, empresas que ele declara ter em sociedade com a mulher, a jornalista Claudia Cruz.
Em pelo menos 32 notas fiscais da prestação de contas do cotão, a verba parlamentar para ressarcir gastos com a atuação, está registrado à caneta que o destino do combustível foram os tanques de quatro dos sete veículos das empresas.
Os automóveis rodam no Rio de Janeiro e são abastecidos em um posto na Barra da Tijuca a pouco mais de 1 km do endereço residencial do peemedebista.
O escritório político do deputado fica no centro, distante cerca de 30 km do posto.
O presidente da Câmara garante que o valor ressarcido se refere a gastos relacionados exclusivamente ao mandato.
A Câmara pagou a gasolina do Porsche Cayenne S 2013 (avaliado em R$ 429 mil) e do Ford Edge 2013 (avaliado em R$ 120 mil), pertencente à empresa Jesus.com, que tem como atribuição fazer propagandas e programas de rádio.
Evangélico, o presidente da Câmara participa de um programa em uma rádio voltado para esse segmento religioso, tem domínios na internet, além de diariamente publicar em sua página virtual mensagens bíblicas.
A nota de abastecimento do Cayenne, de R$ 250, é de 9 de janeiro de 2015.
Na data, o Congresso estava de recesso e Cunha em campanha à presidência da Câmara.
Da C3 Produções, Cunha pediu ressarcimento por despesas de combustível com uma Pajero Sport e uma Tucson.
Na empresa, de atividades jornalísticas, o peemedebista tem R$ 840 mil em cotas.
No total, a Câmara reembolsou o deputado por gastos com os carros da frota de luxo em ao menos em R$ 4.516.
De junho de 2014 e outubro de 2015, Cunha declarou ter gasto R$ 33.614 com combustíveis, cerca de R$ 2 mil por mês. íveis e lubrificantes.
Além dos carros que aparecem na prestação de Cunha, as empresas ainda são proprietárias de um Ford Fusion, um Land Rover Freelander e uma BMW 3251.
A mulher de Cunha usa ainda um outro Porshe Cayenne S, ano 2006.
Ao todo, os oito carros são avaliados em R$ 940 mil. “Não utilizo verba da Câmara para abastecer veículos das minhas empresas particulares e sim e tão somente quando utilizados a serviço do mandato”, rebate Cunha.
E reforça que a Câmara não exige que os veículos usados estejam no nome do parlamentar para que as verbas possam ser repassadas.
Na Folha de São Paulo