Foto: José Cruz/ Agência Brasil Estadão Conteúdo - O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta quinta-feira, 29, que “o governo equivocou-se na política econômica”.

A declaração foi feita após o PMDB ter divulgado um documento com críticas à gestão da presidente Dilma Rousseff. “Não estamos olhando para o passado, mas para a frente”, afirmou Temer, que é presidente nacional do PMDB.

Entre os diagnósticos do partido para o atual momento da economia está o de que houve excessos por parte do governo em questões relacionadas ao equilíbrio das contas da União.

No documento, o partido avança nas críticas e ressalta que a atual situação poderia ser “menos crítica”. “Nos últimos anos é possível dizer que o governo federal cometeu excessos, seja criando novos programas, seja ampliando os antigos, ou mesmo admitindo novos servidores ou assumindo investimentos acima da capacidade fiscal do Estado.

A situação hoje poderia certamente estar menos crítica”, diz parte do texto.

Outro item sensível aos petistas e defendido pela cúpula do PMDB é a criação de um mecanismo que estabeleça o “orçamento com base zero”.

A ideia dos peemedebistas é que, a cada ano, todos os programas estatais sejam avaliados por um comitê independente, que poderá sugerir a continuação ou o fim do programa, de acordo com os seus custos e benefícios.

No entendimento da cúpula do partido, atualmente, os programas e projetos tendem a se eternizar mesmo quando há uma mudança completa das condições.

Segundo o presidente do Instituto Ulisses Guimarães, Moreira Franco, a lógica que orientou a elaboração do documento foi a de que “falta perspectiva e rumos”. “Estamos propondo esse documento como uma ponte para que possamos atravessar essa quadra”, ressaltou.

O texto deverá ser discutido pelas principais lideranças do partido em encontro previsto para ocorrer no dia 17 de novembro em Brasília.

Apesar das críticas e da falta de convergência em relação às propostas para o País sair da crise, Temer minimizou possíveis desgastes com o PT. “A diversidade pode criar um outro ambiente político cultural.

Diferentemente de ser um mal, acho que é um bem”.

Governo O material deveria ser encaminhado ainda nesta quinta-feira à presidente Dilma.

Antes da divulgação das propostas, o vice-presidente chegou a conversar com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por telefone.

O ministro teria sinalizado interesse no item em que o PMDB defende que, na área trabalhista, as convenções coletivas prevaleçam sobre as normas legais, salvo quanto aos direitos básicos.

Além desta proposta, a cúpula do PMDB também defende que se elimine a indexação de qualquer benefício ao valor do salário mínimo.

Na lista de temas também há o que prevê o estabelecimento de um limite para as despesas e custeio inferior ao crescimento do PIB.

No campo da previdência, é defendida a introdução, mesmo que progressivamente, de uma idade mínima que não seja inferior ao 65 anos para os homens e 60 para as mulheres.

A cúpula do PMDB também entende que a economia brasileira deve estar inserida no comércio internacional com ou sem a companhia do Mercosul.

Fisiológico A iniciativa de apresentar um documento com propostas para a área econômica também tem como objetivo, segundo dirigentes da sigla, tentar tirar a pecha de que o PMDB é um partido fisiológico.

O material também deverá orientar os discursos daqueles que disputarão as eleições municipais de 2016, que servem de antessala para a disputa presidencial de 2018, quando o partido pretende lançar uma candidatura própria. “Muito provavelmente em 2018 teremos candidatos.

Mas não sabemos se o PT vem ou não conosco”, considerou Temer. “O documento serve para mobilizar o PMDB.

Precisamos disso também para reunificar o PMDB”, afirmou num segundo momento.