Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Estadão Conteúdo - O rombo fiscal em 2015 pode chegar a R$ 110 bilhões, caso as “pedaladas fiscais” sejam integralmente corrigidas pelo governo federal até o fim do ano.
Esse é o potencial de déficit primário, segundo revelou o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive.
De acordo com ele, a conta total das dívidas atrasadas (as pedaladas) pelo governo junto a bancos públicos (BNDES, Caixa e Banco do Brasil) e junto ao FGTS é de cerca de R$ 50 bilhões.
Como o déficit do setor público consolidado (União, Estados e municípios) agora é estimado em R$ 51,8 bilhões, mas pode chegar a R$ 60 bilhões caso sejam frustradas a entrada de receitas oriundas dos leilões de hidrelétricas, previstos para ocorrer em 25 de novembro, o rombo total pode chegar, portanto, a R$ 110 bilhões.
LEIA TAMBÉM: > Jaques Wagner defende pedaladas para financiar grandes empresas > Levy diz que não há ‘pedaladas fiscais’ em 2015 > Para oposição, relator de pedaladas defenderá governo O secretário falou com jornalistas nesta quinta-feira, 29, após apresentar os resultados fiscais do mês de setembro, divulgados pela manhã.
No caso específico do governo central (formado por Tesouro, Banco Central e Previdência), o rombo pode chegar a quase R$ 113 bilhões no ano, isso porque essa conta não leva em consideração o superávit esperado de R$ 2,9 bilhões para Estados e municípios O secretário disse que, apesar do desempenho ruim do resultado primário em setembro, o governo está fazendo a sua parte e reduzindo gastos públicos. “O governo está fazendo o esforço fiscal necessário e possível, dentro da rigidez orçamentária existente”, afirmou.
Ele exemplificou a redução expressiva nas despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e disse que a queda é expressiva porque as obras do programa estão sendo reprogramadas Após a divulgação da ata do Copom, Saintive afirmou que a equipe econômica vem assinalando que existem medidas no âmbito do Legislativo que precisam ser tomadas de forma rápida, mas que isso não impede que o Banco Central sinalize a convergência da inflação para 2017. “O BC entende o esforço fiscal que vem sendo feito”, disse Saintive.
Segundo o secretário, há a possibilidade de retorno dos recursos do BNDES referente á decisão do CMN em relação ao PSI aconteçam ainda esse ano. “A probabilidade de essa operação ocorrer esse ano é alta”, disse.
Com um déficit fiscal de R$ 6,9 bilhões, o secretário afirmou que este resultado poderia ser pior caso o pagamento do 13º salário dos aposentados tivesse sido contabilizado.
Esses valores só afetarão o resultado de outubro.
Questionado sobre possíveis despesas adicionais este ano, o secretário brincou e afirmou que espera que não tenham novas despesas. “Chega de surpresa”, frisou.
Sem atrasos Em meio aos questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as chamadas pedaladas fiscais, o secretário afirmou que, em 2015, o governo não está atrasando os repasses do bolsa família e seguro desemprego.
Questionado se o governo estaria pedalando este ano, Saintive respondeu “claro que não”. “Este ano, está tudo em dia, todas as transferências estão sendo feitas no momento exato”, destacou.
Segundo ele, o objetivo do governo é pagar todos os passivos deixados pelas chamadas pedaladas fiscais.
De acordo com o secretário, no fim de 2014 havia um estoque de R$ 50 bilhões e já foram pagos R$ 17 bilhões desse montante.
Ainda de acordo com o secretário, o governo está buscando quitar passivo com bancos públicos e pretendemos fazer proposta após acórdão do TCU. “Temos mantido contatos técnicos com o TCU, toda a nossa gestão fiscal ao longo de 2015 tem sido orientada levando em conta as recomendações do TCU, mas não foi apresentada formalmente porque o acórdão não terminou”, frisou.
Para ele, alguns passivos podem ser pagos de forma escalonada e outros de forma imediata, a depender da proposta. “Estamos estudando para cada rubrica uma forma diferente de tratamento, mas isso tem que passar com uma conversa com o TCU”, afirmou.