Por Anna Tiago, repórter do Blog O debate entre os candidatos à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Pernambuco, transmitido pelo NE10 nesta terça-feira (27), foi marcado por acusações calorosas.

O clima foi acirrado entre os advogados Emerson Leônidas, Jefferson Calaça e Ronnie Duarte, que disputam o pleito no próximo dia 19 de novembro.

Veja vídeos com o embate entre advogados na disputa pela OAB, na TV Jornal O debate ficou nos Trending Topics (TT) Recife no Twitter, o ranking dos assuntos mais populares entre os internautas.

Foram 1.100 tweets que atingiram 548 mil pessoas.

Os termos mais mencionados foram “DebateOAB”, “Jefferson Calaça” e “Ronnie Duarte”.

DebateOAB Tweets PRIMEIRO BLOCO No primeiro bloco, os candidatos poderiam fazer uma pergunta com tema livre.

Por sorteio, o primeiro a perguntar foi Ronnie, que direcionou seu questionamento sobre serviços oferecidos pela Caixa de Assistência dos Advogados de Pernambuco (Caape) a Leônidas. “Não pretendemos acabar nenhum projeto que tenha sido saudável para o advogado, mas não vejo que a Caape tenha avançado.

Ela serviu de instrumento para que você pudesse fazer sua campanha”, criticou Leônidas.

Na réplica, Ronnie exaltou as realizações da Caape e a economia feita pelos advogados devido aos benefícios oferecidos. “Não sei por onde você andou nos últimos dias, porque os avanços da Caape são evidentes, como o plano de celular, o odontológico”, rebateu.

Segundo a regra do debate, o candidato que não perguntou e nem foi questionado poderia comentar sobre o tema.

Calaça aproveitou para, assim como Leônidas, acusar a chapa da situação de usar a Caape para fazer campanha. “O que não pode acontecer é que a OAB se transforme na Caape.

A propaganda é deslavada, e não podemos mais continuar com a farra com o dinheiro das anuidades”, pontuou.

Na etapa seguinte, o candidato Leônidas questionou Calaça sobre a relação dele com o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchôa. “O senhor diz que não tem nenhuma ligação com Uchôa, mas você saiu em fotos abraçado com ele, sorrindo.

O senhor não está a serviço da Alepe?”, acusou Leônidas.

Calaça contornou o assunto e disse que faz parte de uma chapa plural com apoio de vários setores.

Insatisfeito com a resposta, Leônidas retrucou. “Não ouvimos a resposta da pergunta.

Nós sabemos que você está ligado a grupos políticos.

O advogado não é bobo”, argumentou.

Com a segunda provocação, Calaça confirmou o apoio. “Não temos nenhum problema com apoios que recebemos, seja político, como o presidente da Alepe.

Isso não importa em relação a nossa independência e autonomia”, ressaltou.

Comentando o posicionamento, Ronnie comentou que estava feliz por Calaça ter admitido o apoio e disparou: “Fico feliz por ele ter admitido que Uchôa é seu cabo eleitoral e, implicitamente, até seu financiador.

Como um presidente da OAB vai se posicionar se ele tem uma ligação umbilical com o presidente da Alepe?”.

A última pergunta do primeiro bloco foi feita por Calaça, que questionou Ronnie o motivo pelo qual a OAB atua em defesa dos advogados de grandes escritórios.

O candidato da situação se defendeu alegando que trabalha em prol da assistência à advocacia pernambucana.

Calaça rebateu, acusando Ronnie de “perpetuar omissão da OAB e abandonar os advogados que sofrem precarização”.

Já Ronnie criticou o adversário por ter respostas prontas. “Um debate pressupõe que as pessoas dialoguem.

A resposta pronta não atende as necessidades que procuramos aqui. É muito fácil prometer um mundo maravilhoso, a gente precisa dizer como, o que vai fazer”, disse.

Com direito a comentar o “duelo” de críticas, Leônidas categorizou os adversários. “Temos, de um lado, um representante da Alepe querendo a OAB e, do outro lado, um representante que faz da OAB um cabo eleitoral do PMDB”, alegou.

SEGUNDO BLOCO O segundo bloco iniciou com um direito de resposta de Calaça a Ronnie, que alegou que o presidente da Alepe seria um possível financiador da campanha. “Uma acusação leviana que foi feita teria que ter uma resposta à altura.

Em momento algum, qualquer um dos candidatos poderá provar que A ou B está financiando nossa campanha.

Isso é uma acusação escusa.

Nossa chapa faz campanha dentro da legalidade.

O presidente da Alepe explicou ao Blog de Jamildo que é deputado, não vota e que recebeu diversos pedidos pra apoiar Ronnie”, lembrou.

O ciclo de perguntas continuou, dessa vez com temas específicos.

Sobre a “defesa da prerrogativa dos advogados”, Ronnie questionou Calaça sobre o apoio à transferência da Justiça do Trabalho para Jaboatão. “Entendemos que as prerrogativas são feitas de forma amadora.

Queremos uma comissão de prerrogativas contratada, para que se tenha um atendimento de forma profissionalizada aos advogados.

Em relação à Justiça do Trabalho, fui presidente da associação de advogados trabalhistas e lutamos contra a transferência da Sudene”, argumentou Calaça.

Ronnie, levemente irritado, alegou que já existe defesa profissionalizada das prerrogativas. “Queria lançar aqui o desafio: quem estiver faltando com a verdade, renuncia à candidatura.

O que é que você vai concretizar?

Precisamos ouvir propostas concretas”, rebateu.

Na tréplica, Calaça foi irônico. “Está havendo algum problema nesse estúdio, talvez de audição.

Já falamos nossa proposta: acabar com amadorismo existente.

Consta na proposta do candidato oficial a cópia da nossa proposta.

Somos uma classe que não temos advogados que nos defenda”, salientou.

O tema seguinte foi “transparência na OAB”.

Por sorteio, Calaça perguntou a Leônidas se a OAB disponibilizou os contratos de estacionamentos solicitados por ele e aproveitou para ressaltar que a proposta da criação de um portal da transparência é defendida pela chapa A Ordem É Para Todos, o que irritou o adversário. “O portal foi proposto na nossa última campanha e só foi incluído na OAB depois de uma proposta nossa.

Não foi nada a partir de critica desse movimento que o senhor criou para fazer campanha antecipada e ilegal.

Não queiram ser o pai da criança do portal da transparência, não é nenhuma invenção do seu grupo”, salientou.

Em seguida, os candidatos responderam perguntas enviadas pelos internautas.

Uma delas, destinada a Ronnie por sorteio, questionava o piso remunerado da classe. “Precisamos valorizar o jovem advogado.

A OAB irá instituir uma comissão do advogado associado e já temos algumas iniciativas.

Apresentamos ao Governo a fixação de um piso mínimo de R$ 3 mil, que é longe do ideal, mas precisamos avançar um passo de cada vez”, disse.

Ele também ressaltou que, caso seja eleito, pretende fomentar o empreendedorismo individual, oferecendo meios tecnológicos, administrativos e físicos para os advogados.

Calaça rebateu, seguindo a regra do debate, afirmando que o piso já existe em 11 estados. “Estamos pautando nossa discussão na defesa do advogado militante, que passa oito, dez horas, recebendo R$ 1 mil a R$ 1,2 mil.

A OAB se cala diante disso, porque o compromisso deles é com os grandes empresários, com quem está pagando, não com quem está recebendo”, disse.

O posicionamento deu brecha para Ronnie criticar o adversário. “Você é patrão também. É um dos advogados mais bem sucedidos, é rico também.

A OAB jamais se aliou aos grandes escritórios, ela tem um compromisso: garantir novo espaço de trabalho pra cada jovem advogado”, alegou.

TERCEIRO BLOCO No último bloco, os candidatos à presidência da OAB-PE responderam perguntas dos jornalistas.

A primeira, feita pelo editor do Blog, Jamildo Melo, perguntou qual a visão pessoal do advogado Emerson Leônidas a respeito do posicionamento da OAB Nacional que pretende analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Leônidas aproveitou a pergunta para acusar o candidato Calaça de ser aliado ao PT. “ Minha opinião é que a presidente já deveria ter renunciado.

Não sei se é verdade ou não, mas tenho infos de que Jefferson, que é ligado ao PT, teria sido cooptado para ingressar na Ordem para que o PT, colocando presidentes da OAB em todo o Brasil, não apoie o impeachment de Dilma.

Agora [ele] está aí abraçado com Pedro Jorge, que é do PSOL”, pontuou.

Antes das considerações finais, Calaça teve o segundo direito de resposta, desta vez sobre a acusação de ser ligado ao PT feita por Leônidas. “Não sou filiado a qualquer partido politico.

Nossa atuação é independente, autônoma.

Nosso partido é a advocacia militante”, ressaltou.

No discurso final, Leônidas mostrou panfletos usados nas campanhas dos adversários, alegando que transparência não é só colocar propostas.

O candidato foi interrompido por estar contrariando a regra do debate, que não permitia fazer propaganda.