Foto: Roberto Stuckert/Instituto Lula Da Folhapress Dizendo-se indignado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou, nesta segunda-feira (26), a presidente Dilma Rousseff pela operação de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a seu filho Luis Cláudio Lula da Silva.
Nas conversas com aliados, Lula apresentou duas hipóteses para a ação da PF no escritório do filho, num desdobramento da operação Zelotes.
Para Lula, ou essa é uma demonstração de desgoverno da presidente, ou uma prova de que Dilma orientou seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a unicamente protegê-la, ainda que seu padrinho político tenha que pagar o preço disso.
Nos dois casos, afirmou, a responsabilidade é dela.
Segundo aliados de Lula, o ex-presidente se diz cada vez mais convencido de que Dilma permite investigações contra ele para se preservar.
LEIA TAMBÉM: > Filho de Lula levou R$ 1,5 mi de forma ‘muito suspeita’, diz procuradoria > Segundo aliados, Lula ficou indignado com operação em escritório de filho Ainda segundo aliados, Lula está tão irritado que acusa Dilma de destruir seu legado para construir a imagem da presidente que combateu a corrupção.
Ao criticar Cardozo, Lula disse que não quer “ganhar no tapetão”, mas que é papel do ministro da Justiça zelar pela Constituição.
Para confirmar sua tese, Lula diz que, quando quer, o governo trabalha para se defender na Justiça, como é o caso das pedaladas fiscais, e que faria o mesmo se tivesse o interesse de poupá-lo.
Nas conversas, Lula repetiu que “passou dos limites”.
De acordo com petistas, ele disse também que Dilma destruiu a economia, o partido e agora quer acabar com seu legado.
Na quinta-feira (29), Lula fará um discurso no encontro do partido.
A avaliação de aliados do petista é de que o episódio se trata de uma nova tentativa de enfraquecê-lo politicamente e demonstra que tem faltado pulso firme do Ministério da Justiça no comando da Polícia Federal.
Para pessoas próximas ao petista, causa estranheza o fato de a Polícia Federal não ter feito busca e apreensão a escritórios de grandes empresas que estão no foco da Operação Zelotes, como Gerdau e Marcopolo, mas ter realizado no da empresa do filho do ex-presidente.
Na nova fase da Operação Zelotes, que investiga um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), a Polícia Federal prendeu Mauro Marcondes, sócio da Marcondes e Mautoni (M&M).
O escritório teve relações com Luis Cláudio.
Em 2014, contratou a LFT Marketing Esportivo, por R$ 2,4 milhões.
O ex-presidente não deve, pelo menos por enquanto, pronunciar-se publicamente.
Ele tem dito que ainda não tem elementos para uma manifestação sobre o episódio.
O posicionamento público ficou a cargo dos advogados do filho de Lula.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o empresário, pediu à Justiça Federal e à Polícia Federal acesso a todo o material usado para justificar a medida.
Ele disse que a falta de acesso aos autos “impede que a defesa possa exercer o contraditório e tomar outras medidas cabíveis”.
No início da tarde desta segunda-feira, o ex-presidente se deslocou para o Instituto Lula, escritório de onde despacha em São Paulo.
O presidente do PT, Rui Falcão, o presidente do instituto, Paulo Okamotto, e o advogado Martins estiveram com Lula, mas negaram ter tratado da operação da PF.