O pecuarista José Carlos Bumlai, citado na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano, confirmou, em entrevista ao Estadão, diversos pontos do depoimento do lobista apontado como operador de propinas do esquema de desvios na Petrobras, mas negou ter utilizado o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as negociações.

LEIA MAIS: » Lula discutiu contrato da Petrobras com amigo lobista, diz delator » Delatores afirmam que amigo de Lula acertou propina de US$ 5 milhões De acordo com Bumlai, Baiano pediu a ele que levasse o empresário João Carlos Ferraz, no primeiro semestre de 2011, a uma audiência com Lula, de quem o pecuarista é amigo de longa data.

Naquela ocasião, Ferraz era presidente da Sete Brasil, empresa que negociava contratos bilionários com a Petrobras para compra de navios-sonda. » Lula diz estar “irritado” com acusações sobre a família na Lava Jato Em sua delação ao Ministério Público Federal, Baiano disse ter recorrido a Bumlai em busca de um “peso maior” e de uma “providência mais incisiva” para concretizar a negociação que envolvia, além da Sete Brasil, a OSX, empresa naval do grupo X, de Eike Batista.

Em troca, Bumlai receberia uma “comissão” a ser paga por Baiano. “Eu levei o Ferraz lá no Instituto, apresentei o Ferraz.

Ele não conhecia o presidente.

Eu fiquei olhando um livro do Corinthians e saí.” O negócio acabou não se concretizando, mas Bumlai recebeu dinheiro do lobista. » Lula nega acordo com Cunha e diz que deputado tem o direito de se defender Na delação, Baiano afirmou que, ao pedir a antecipação de sua parte, Bumlai alegou que precisava quitar dívida imobiliária de uma nora de Lula.

O ex-presidente tem quatro noras. “Não paguei conta de nora de Lula, apartamento, nada a ver.

Não tenho nada a ver com isso.

Não tenho”, afirma Bumlai, que conta detalhes de sua relação de amizade com Lula, a quem chama de “presidente”, e diz que aceitaria participar de uma acareação com Baiano, que está preso em Curitiba (PR) em decorrência da Operação Lava Jato O pecuarista também salientou que a proximidade com Lula não é tão forte quanto é dito na imprensa. “Abro o jornal e tem lá o crachá, que eu teria acesso irrestrito ao Palácio com todas as portas abertas, a hora que eu quisesse.

Durante os oito anos que o presidente Lula esteve no Palácio do Planalto eu fui duas vezes no gabinete dele”, afirmou.