Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Estadão Conteúdo - Uma das contas secretas atribuídas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi usada para bancar despesas de uma enteada do peemedebista, Ghabriela Amorim, filha da jornalista Cláudia Cruz, atual mulher do deputado.
A informação consta de extratos bancários remetidos pela Suíça ao Brasil e que embasam novo inquérito contra o deputado, em curso no Supremo Tribunal Federal.
Conforme os demonstrativos, US$ 52,4 mil foram transferidos da conta Kopec - aberta no Banco Julius Baer e que teria Cláudia Cruz como beneficiária final - para uma conta atribuída a Ghabriela no banco inglês Lloyds TSB. » STF determina bloqueio e sequestro de recursos em contas de Cunha na Suíça » STF nega a Eduardo Cunha sigilo em inquérito sobre contas na Suíça Os repasses foram feitos entre 29 de agosto de 2008 e 7 de abril de 2009, mesmo período em que ela estudou na Malvern School, escola de inglês no interior da Inglaterra.
Numa rede social, a própria Ghabriela informa ter feito curso na instituição no período dos depósitos.
Da conta de Cláudia também saíram US$ 8,4 mil para a Malvern, em 14 de maio de 2008.
O Estado identificou nos extratos pelo menos três transferências para a enteada de Cunha, identificados como “nosso pagamento enviado para Ghabriela Amorim”.
O primeiro, de 8,9 mil libras, foi feito em 29 de agosto de 2008.
Os outros foram de US$ 14,3 mil, em 6 de janeiro de 2009, e de US$ 14,9 mil de 7 de abril do mesmo ano.
A Kopec, uma das quatro contas atribuídas a Cunha e sua mulher, foi aberta em janeiro de 2008 e, conforme a Procuradoria-Geral da República, servia para bancar despesas pessoais e de cartão de crédito da família do deputado.
Além do curso de Ghabriela, os recursos bancaram também aulas numa escola de tênis e um MBA de Danielle da Cunha, filha do peemedebista, na Espanha. » Suíça envia ao Brasil documentos que comprovam que conta seria de Cunha, diz TV » Procuradoria da República pede novo bloqueio de contas atribuídas a Eduardo Cunha Trust para filhos.
Conforme os documentos remetidos pela Suíça à Procuradoria, Cunha justificou que pretendia fundar uma empresa “para os filhos” ao abrir uma outra conta bancária no exterior, em nome de terceiros.
O deputado consta como o beneficiário final da conta Triumph, aberta em 2007 também no Banco Julius Baer, de Genebra.
Contudo, em vez do dele, figurava como titular da conta a empresa Triumph SP, constituída dois anos antes em Edimburgo, na Escócia.
Para abri-la, o peemedebista se valeu dos serviços de um escritório em Douglas, capital de Ilha de Man, paraíso fiscal britânico. » Cunha usou mesmo operador de Cerveró para abrir conta na Suíça » Janot pede novo inquérito para investigar contas de Cunha na Suíça Conforme os investigadores, a Triumph é o que se chama de “conta de confiança”, ou seja, movimentada por terceiros como forma de proteger uma pessoa “politicamente exposta”.
O nome e a assinatura de Cunha aparecem em vários documentos internos do banco, o que, para a Procuradoria, comprova ser ele o verdadeiro beneficiário dos recursos.
Num dos formulários, que questionava o motivo de a conta não ser aberta em nome do deputado, a resposta foi que ele “desejava ter uma Trust para seus filhos”.
Uma empresa de “trust” é usada para gerir bens e valores de terceiros.
O patrimônio é entregue a um agente para que ele o administre, por meio dessa empresa.
O principal objetivo é fazer investimentos de forma anônima. » Humberto Costa diz que Dilma não tem conta na Suíça e não recebeu dinheiro de propina » MP da Suíça diz que esquema atribuído a Cunha usou 23 contas em 4 países Procurada ontem, a assessoria de Cunha não se pronunciou, justificando que ele não teve acesso aos documentos da investigação.
O advogado do parlamentar, Antonio Fernando Souza, não atendeu às ligações da reportagem.
Gabriella não respondeu a mensagem enviada ontem pela reportagem.