Sem alarde, a promotora Ana Sampaio, responsável pela Defesa do Patrimônio Público em Olinda, analisou a procedência da documentação apresentada pelo deputado estadual Alvaro Porto (PTB) e resolveu abrir inquérito contra a gestão atual da Empetur, para apurar um suposto superfaturamento em cachês de artistas em 2015.

Se confirmado, será o primeiro “escândalo de shows” na gestão do governador Paulo Câmara (PSB).

Em fevereiro, o deputado falou, na tribuna, sobre a denúncia no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pedindo a apuração dos casos de pagamento de shows levantados no Diário Oficial do Estado que identifica como “superfaturados”, no comparativo feito com os mesmos shows em outras praças.

Porto citou como exemplo a cantora baiana Margareth Menezes que, segundo o D.O. da Bahia, recebeu R$ 30,9 mil para cantar no Pelourinho, em Salvador, dia 13 deste mês, e quatro dias depois ganhou R$ 150 mil para uma exibição em Belém de São Francisco (Sertão). “Está tudo documentado”, assegurou Porto na época.

O deputado oposicionista atribuiu diretamente à Secretaria de Turismo e à Empetur a responsabilidade pelos casos relatados como de discriminação política. “Elas é que escolhem as bandas, não são as prefeituras”, destacou.

Porto citou Agrestina, São João e Canhotinho – essa, onde seu sobrinho Felipe Porto é prefeito – como cidades com gestores “que apoiaram Armando Monteiro (PTB) ao governo” e que não receberam apoio para o Carnaval e festas de padroeiro, enquanto as governistas Jucati, Bonito e Altinho, também no Agreste Meridional, teriam sido contempladas. “Isto é clara perseguição política”, definiu.

Agora, tendo o MPPE acatado a denúncia, a promotora irá aprofundar a investigação e já pediu que a Empetur mandasse toda a documentação original para o MPPE.

Há possibilidade, após mais investigações, de ser ajuizada uma ação de improbidade administrativa contra a atual diretoria da Empetur, que autorizou os pagamentos questionados na denúncia de Álvaro Porto.

As duas gestões anteriores da Empetur, presididas por José Ricardo Diniz (2007 até 2008) e André Correia (2011 a 2014), já foram condenadas pelo TCE, por irregularidades em shows.