O consultor Carlos Ferreirinha, especialista no mercado de luxo, disse aos empreendedores e lojistas que participaram do terceiro encontro RioMar com o Mercado, nesta terça-feira, no Recife, que quem focar produtos e serviços no consumo diferenciado poderá contar com boas chances de ganhar dinheiro nos próximos anos. “A vantagem comparativa não será ter um bom produto ou serviço e sim relevância contemporânea.
Mais e mais as pessoas com poder aquisitivo vão dialogar pelo desejo, não o produto em si, pela vontade, não a necessidade em si.
As empresas de sucesso serão boas em despertar sensações, estimular os indivíduos a ter vontade.
Algumas empresas bem posicionadas sempre venderam a vontade (de consumir seus produtos)”.
O primeiro momento favorável a este tipo de consumo já está ocorrendo agora, com o aumento do dólar e de impostos sobre o crédito. “Já fomos o segundo melhor consumidores de out let do mundo.
Havia um crescimento consolidado do consumo lá fora, mas hoje não é vantajoso comprar lá fora e tem que fazer essas compras aqui. 50% deste consumo caiu, mas essas pessoas vão continuar consumindo.
O dinheiro que estava sendo jogado lá fora vai ser gasto aqui, mas, como o brasileiro não está disposto a abrir mão de conquistas, a decisão de compra será mais inteligente, não necessariamente o mais simples”, aposta. “O paladar não retrocede.
A pessoa pode até perder o salário, mas não a memória.
Depois, como dizem os antigos, entendes por acaso que é necessário pequenos excessos para existirmos?”, argumentou, em defesa da compra por estímulo e menos racional, de produtos caros, nem sempre ao alcance da maioria.
Na palestra, o consultor também previu que, por uma questão de sobrevivência, as empresas de massa vão começar a apostar em produtos do meio para cima da pirâmide. “Quem vendeu para os mais pobres ficou rico, mas, com o desemprego batendo a porta, na casa dos 15%, o bolsão do seguro desemprego, quando acabar, não vai segurar e o consumo da classe C tende a cair.
O Brasil vai voltar a falar de elite e consumo diferenciado.
A vantagem dessa estratégia é que as empresas ficam menos vulneráveis às variações do mercado” O consultor arrancou gargalhadas da plateia ao enumerar vários produtos que estavam disponíveis no Brasil há cerca de 17 anos. “Trazíamos até balas tic-tac.
As nossas embalagens de pasta de dentes eram de metal, não podiam nem ser de plástico por exigências sanitárias.
Neste tempo, nossas elites eram tão pequenas que não faziam estrago (no mercado de consumo).
Só que o crescimento das sub-regiões no Brasil, as mudanças tecnológicas mudaram esta realidade”.
Em tom de encorajamento, Carlos Ferreirinha citou algumas marcas nacionais que estão lançando, neste momento, “em plena crise”, novos produtos. “Há uma revolução silenciosa.
O brasileiro está disposto a pagar um pouco mais por um produto premium”, afirmou.
Citou o caso de uma loja em Portugal que se reinventou ao pedir a artistas que pintassem a mão latinhas de conserva, que podem ser presenteadas aos amigos. “É um sucesso.
Nem dá vontade comer”, brincou.
Nesta linha, encorajou os lojistas presentes a colocar vídeos no Youtube (somos o segundo País no Youtube no mundo) e estarem no facebook, segundo mercado mundial da empresa no mundo. “No Brasil, temos o segundo maior mercado de smart Phone do mundo.
O facebook é o site do passado. o Brasileiro passa quase dez horas on line, então isto tudo estimula o varejo.
Houve uma conversão tecnológica brutal e vocês estão fora dela?”, desafiou.
Na despedida, o consultor recomendou que, como os americanos, os empreendedores focassem nos jovens com ato faturamento e que ainda não formaram patrimônio. “Eles não são base nem meio, mas já tem muito dinheiro para gastar”.
No Brasil, citou a rede de postos Ipiranga, que já é a maior vendedora de energéticos Red Bull e de Coca Cola e salgadinhos, mais do que em supermercados. “Havia um tempo em que, em um posto de gasolina, se comia um salgado com medo de cair morto”, comparou.
Na palestra, Carlos Ferreirinha foi aplaudido quando disse que temos uma crise de confiança e de cautela. “Não vivemos uma crise como a Argentina ou Venezuela.
Vivemos a perda da moral e da ética.
Os consumidores (de alto luxo) não perderam dinheiro, mas perderam motivação”, disse acreditar.
Considerado o principal formador de opinião no segmento do Luxo e Premium na América Latina, Carlos Ferreirinha já trabalha há mais de 24 anos nas operações de mercado, desenvolvimento de negócios e marketing, fundando em 2001 a MCF Consultoria.
Em seu currículo, ele acumula passagens como Executivo Senior da EDS e Louis Vuitton, onde foi CEO do Brasil e Diretor Senior da América Latina.
Além disso, Ferreirinha é um dos melhores palestrantes brasileiros de Business Market, estando atualmente entre os cinco mais requisitados para palestras, seminários e conferências no Brasil e no mundo.
Sua empresa tornou-se líder no segmento e possui clientes e projetos em todo o território nacional, assim como na América Latina e em países da Europa e África.
Além disso, ele liderou projetos relevantes com grandes marcas como Bentley, Burberry, Coach, Tory Burch, Tam, Grupo Accor, O Boticário, Natura, Estée Lauder Group, Lexus, Honda, Volkswagen, Whirlpool, Swarovski, Pandora, Nestlé e Johnson & Johnson.