Na Folhapress Com a ameaça de ser deflagrado processo que pode ter como desfecho o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o Planalto articula estratégia para frear a movimentação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e evitar que seja dado prosseguimento a pedido de impeachment.

Diante da revelação de novas denúncias contra Cunha, o Planalto tentará carimbar nele a imagem de que o presidente da Câmara age contra o governo por vingança, ou seja, por motivos pessoais. É uma tentativa de enfraquecer sua legitimidade para dar prosseguimento a um pedido de impeachment.

Adversário do governo, o peemedebista indicou a assessores e aliados que anunciará na terça (13) sua decisão sobre o pedido de impeachment ingressado na Câmara pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

A tendência é que ele arquive o pedido, o que levará a oposição a ingressar com um recurso em plenário, que poderá prosperar se tiver a aprovação de pelo menos 257 dos 513 deputados federais.

Preocupada com o início do processo de impeachment, ao qual chamou na última semana de “golpe democrático à paraguaia”, a presidente reuniu-se neste sábado (10) com o núcleo duro do Planalto e marcou para a manhã da terça reunião da coordenação política para definir uma uma contraofensiva à articulação na Câmara.

Na sequência, o ministro Ricardo Berzoini (Governo) deve se reunir no Palácio do Planalto com líderes da base aliada para repassar a orientação do governo federal e estruturar um discurso comum em defesa do mandato de Dilma.

Em outra frente, a presidente escalou ministros peemedebistas -como Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha (Aviação) e Henrique Eduardo Alves (Turismo)- para monitorar o comportamento da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados e evitar uma adesão ao recurso levado a plenário pela oposição.

Na reunião ministerial da última quinta-feira (8), os ministros peemedebistas se comprometeram a fazer encontros semanais, às segundas-feiras ou terças-feiras, com os deputados federais do partido para medir a temperatura da bancada federal.

O PMDB é considerado pelos partidos de oposição um fiel da balança para a conquista dos 257 votos necessários para aprovar o recurso em plenário.

A avaliação do Palácio do Planalto é de que, aberta a comissão especial, será difícil reverter o impeachment da petista.