Oxente!

Marta Suplicy, na Folha de São Paulo desta sexta No dia 8 de outubro, a cidade de São Paulo e o Brasil comemoram o Dia do Nordestino.

A data reforça o reconhecimento que a cidade presta à população de migrantes nordestinos e seus descendentes.

A partir de 1930, quando diminuiu o fluxo maciço de imigrantes europeus, trazidos pela grave crise econômica, escassez de investimentos e excedente populacional, os nordestinos foram chamados como mão de obra.

Em 1949, com a conclusão da Estrada Rio-Bahia, surgiu o “pau de arara”.

A região metropolitana foi a que mais acolheu nordestinos, que contribuíram com 56% do crescimento da população nos anos 60.

Os migrantes continuam importantes para a cidade.

O Brás, além de antigo reduto italiano, é hoje um bairro com cultura e hábitos nordestinos.

Assim como Parelheiros, São Miguel Paulista e Santo Amaro.

Os depoimentos de nordestinos que moram há anos em São Paulo revelam o empreendedorismo dos muitos que venceram, como o baiano Aelson Mota, que fundou o Forró Bahia. “A cidade dá oportunidades para você crescer e tirar o seu sustento.

Nós somos bem acolhidos.

Sofremos preconceito, mas somos um povo guerreiro que vai à luta.” Gerimário Ricardo de Araújo, pernambucano, que está há 45 anos na cidade e tem uma casa de comida nordestina, acredita que o preconceito diminuiu muito –só 20% de sua clientela, hoje, é nordestina.

Luiza Erundina, paraibana, se tornou a primeira prefeita de São Paulo.

Assis Chateaubriand, José Ermírio de Moraes, Mário Schenberg ajudaram a fazer de São Paulo uma referência.

Luiz Inácio Lula da Silva forjou sua carreira política no ABC paulista.

São milhares os anônimos que ajudaram a construir São Paulo e que agora, com os “ajustes” governamentais, inflação, queda do emprego, diminuição dos já precários serviços públicos essenciais (principalmente saúde), vão pagar a conta do descalabro econômico criado pelo governo petista.

A construção civil, que emprega a população mais pobre, já foi atingida com as grandes obras parando.

A desistência de 30% de pessoas que compraram imóvel na planta e não conseguem pagar mostra que a crise chegou na classe média.

O brasileiro está endividado, sem crédito e perdendo os empregos que a ascensão conquistou.

E, para coroar, vem a proposta de uma nova CPMF, que é tudo que o investidor não quer e que afeta mais o assalariado.

Hoje não existe a mais leve possibilidade de o Congresso votar tal absurdo.

Basta de aumento de impostos num país onde já se paga uma carga tributária de 36% do PIB.

Aguarda-se um projeto de nação para o Brasil.

Como disse Euclydes da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

Hoje, somos todos nordestinos.