Do Blog do Josias Único congressista do PMDB a pregar abertamente a cassação de Eduardo Cunha, o deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos se diz “estarrecido” com a aliança firmada pela oposição com o presidente da Câmara. “Espanta que a oposição esteja convencida de que o processo de impeachment será facilitado por Cunha’’, disse ele ao blog. “Ocorre justamente o contrário.

Com Cunha, o impeachment vira lorota, fica mambembe. É o sujo achando que vai ajudar a afastar a mal lavada”.

A ótima relação que Jarbas mantém com lideranças da oposição potencializa o seu espanto. “Me dá um desânimo danado ver pessoas como Mendonça Filho (DEM), que foi meu vice no governo de Pernambuco; Aécio Neves, que acaba de sair bem-posto de uma disputa presidencial; Carlos Sampaio, que é promotor de Justiça, toda essa gente sendo ludibriada por Eduardo Cunha. É triste”.

Jarbas prossegue: “Cunha é doente, psicopata, um cínico.

Como confiar numa pessoa que mente sobre contas bancárias na Suíça, já confirmadas pela Procuradoria?

A oposição acaba de fazer mais uma reunião com esse personagem para discutir o impeachment.

As pessoas continuam acreditando nele.

Se for bom para ele, Cunha atropela Dilma.

Se não for conveniente, ele posterga.

E a oposição está nesse jogo, que tira a legitimidade do impeachment”.

Por ora, a única providência tomada contra Eduardo Cunha em âmbito legislativo foi um pedido de abertura de processo de cassação protocolado na Corregedoria da Câmara.

Assinam a peça 30 deputados, o que equivale a 5,7% dos 513 que integram a Casa.

Signatário do documento, o próprio Jarbas reconhece sua ineficácia. “O pedido foi protocolado nesta quarta-feira.

Mas não tem nenhuma chance de prosperar.

O Corregedor [deputado Carlos Manato, do SD-ES] é membro da Mesa diretora.

Ele vai despachar o pedido para Eduardo Cunha, o presidente.

Ou seja, tudo vira uma grande brincadeira de mau gosto”.

O PSOL se equipa para requerer a cassação de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, algo que só pode ser feito por partidos políticos.

Mas Jarbas avalia que Cunha só correrá riscos se o movimento contra ele ganhar corpo. “Ou essa coisa se avoluma, ganhando a forma de um movimento sério e contundente, ou o problema vai se arrastar.

Hoje, a Câmara fede.

Daqui a pouco, vai apodrecer”.

Defensor do impeachment de Dilma, Jarbas avalia que a derrocada de Cunha não beneficia a presidente da República. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

A Dilma fica mais precária a cada dia por conta de um conjunto de práticas inaceitáveis.

O caso de Cunha é uma aberração.

Temos que ter a clareza de que é impossível tratar de um caso se cuidar do outro”.