Jamildo Melo, editor do Blog Há uma semana, o clima no governo Dilma parecia ser de barata voa.
O ex-coveiro Sibá Machado, líder na Câmara dos Deputados, organizava um motim para derrubar Levy, Cardoso e Mercadante.
Na rádio Jornal, o senador paulista Humberto Costa, radicado em Pernambuco, dizia que a CPMF não passava de jeito algum.
Uma das milhares de fundações do PT e seus satélites defendia que se regredisse ao modelo que levou o Brasil ao atoleiro atual, como se Levy fosse um ministro autoimposto, por sobre a vontade da presidente.
A confusão era tanta que Dilma decidiu adiar a reforma ministerial.
Em menor escala, era como se João da Costa, a criatura, tivesse pedido penico ao seu criador, João Paulo, solicitando que ele salvasse a sua gestão com uma reforma salvadora.
Trata-se, assim, a rigor, da última aposta de Dilma/Lula para desmobilizar o impeachment.
Não há a menor dúvida de que a reforma tem como único objetivo segurar-se no cargo, depois de aceitar abrir nacos de poder ao sempre faminto PMDB. É preciso ser muito cínico, como só alguns políticos conseguem ser, para afirmar o contrário.
Os petistas, sempre tão arrogantes e autoritários, diante do medo de perda dos cargos, colocaram o rabo entre as pernas.
Tudo vale a pena para evitar o risco de abertura do pedido de impeachment.
Os novos ministros, oficializados nesta sexta-feira, assumem oficialmente na próxima terça-feira, mesmo dia marcado para a votação dos vetos polêmicos no Congresso.
Nada tem a ver com a melhoria do governo ou do Brasil, só a manutenção do poder a todo custo.
Exemplo desta situação é o ministro da Saúde, Marcelo Castro, do PMDB do Piauí.
Onde estava esta sumidade da área da saúde que não estava ajudando o país.
Sua boa nova: a velha CPMF.
Outra piada pronta é a volta do ministro Mercadante para Educação.
O ministério da educação hoje mais parece um motel, em função de sua alta rotatividade.
O último ministro durou só cinco meses.
Triste sina da pátria educadora.
Será que Mercadante, no ministério, vai cuidar menos de política e mais de educação?
Duvido, embora torça para estar errado.
Quer vergonha maior, para Dilma, de que não poder se desfazer da dupla Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Padilha (aviação civil), por serem prepostos de Cunha e Temer?
Não governa, é governada agora pelo PMDB.
A outra opção de Lula era ir logo para oposição e ficar batendo bombo contra o governo, qualquer governo, a espera de 2018.
Com essa estratégia, fugiria do inevitável desgaste dos próximos dois anos ou três anos.
No PT, a opinião majoritária é a de que, na atual conjuntura, a única alternativa é salvar Dilma Rousseff do impeachment.
E para que?
Para que Lula tenha alguma chance de ser eleito presidente em 2018. É claro que dirigentes nada mais esperam da presidente.
Apenas que ela consiga se segurar na cadeira e que chegue ao fim do mandato com a economia pelo menos um pouco melhor.
Dilma escapou?
Não se sabe ao certo qual vai ser o impacto deste balcão nas votações da próxima semana.
Na semana que vem, estão previstos várias votações importantes, como a manutenção dos vetos a projetos que aumentam gastos da União.
Eles não foram votados nesta semana em função do braço de ferro travado entre Renan e Cunha.
Pelo lado da oposição, ela está diante de uma encruzilhada.
Como precisa de Eduardo Cunha para patrocinar o pedido de impeachment, tem que blinda-lo das acusações da Lava Jato e não lhe fazer cobranças públicas.
Depois das informações repassadas pelo MP da Suíça, existe sim o risco de afastamento por quebra de decoro parlamentar, uma vez que ele havia negado na CPI da Petrobras que tivesse dinheiro no exterior.
Hoje, a sustentação de Cunha no cargo parece menos frágil do que a sustentação de Dilma.
A reforma, não por acaso, sai no mesmo dia em que o voto do ministro relator do TCU sobre as pedaladas foi liberado para os demais colegas, antes da votação.
O voto defende a rejeição das contas de 2014, mas como se trata de mais uma casa política, não se sabe se haverá punição. É algo inédito em 78 anos do órgão.
A conferir!