Reinaldo Azevedo, em seu blog A despeito de tudo, sou otimista quanto ao futuro do Brasil.
Acho que a necrose do PT é um momento inaugural.
Amplas camadas da população se dão conta de que milagres não existem; de que ninguém será por nós se não formos por nós mesmos.
Até Joaquim Levy é personagem desse salto de qualidade.
Gosto quando ele diz que, a cada novo gasto, há de corresponder um novo imposto.
Alguém sempre paga a conta.
Mais do que a agonia das velhas raposas, interessam-me movimentos de rua de uma juventude que tenta dar à luz o liberalismo em terras nativas.
No Brasil das ideias fora do lugar, banqueiros se encantam com o coaxar de pererecas e se deixam seduzir pelo papo-furado distributivista.
Alguns querem mais do que juros altos, acreditem.
Ambicionam mesmo a ascese!
Constatação à margem: países em que banqueiros fazem questão de ter coração costumam ser governados por pilantras populistas que têm cérebro.
O mundo ainda é mais produtivo quando financistas são maus e padres são bons.
Sigo.
Algo de novo está em curso, e espero que resista e se espraie, ainda que haja um esforço enorme da imprensa conservadora –de esquerda– de matar essa juventude brandindo contra ela ideias caridosas de anteontem ou a suposta contemporaneidade do “thomas-picarettysmo”.
Sou otimista, sim, mas tenho preocupações.
Já escrevi neste espaço que seria lamentável se restasse da Operação Lava Jato o ódio à iniciativa privada e ao capital, tomados como corruptores da pureza original.
Qual?
Em seu voto contra a doação de empresas privadas a campanhas –uma decisão moralmente dolosa tomada pela maioria do STF–, a ministra Rosa Weber, por exemplo, disse: “A influência do poder econômico culmina por transformar o processo eleitoral em jogo político de cartas marcadas, odiosa pantomima que faz do eleitor um fantoche, esboroando a um só tempo a cidadania, a democracia e a soberania popular”.
A tolice é tal que nem errada a frase chega a ser.
Eu duvido que Rosa tenha pensado nos desdobramentos da “influência do poder econômico” na vacinação em massa, na produção e distribuição de comida ou na universalização da telefonia.
Por que a ministra pretende que a disputa eleitoral deva ser um domínio impermeável às empresas, que, até onde se sabe, não são abscessos malquistos da civilização, mas uma das formas que esta encontrou de produzir e de multiplicar riqueza?
Junto com o ódio ao capital, vejo brotar em certos nichos o ódio à política, como se já tivéssemos descoberto outra maneira de resolver conflitos distributivos ou de opinião.
Torço para que os jovens que ganharam as ruas não caiam nessa conversa de esquerdista desiludido e de anarquista ignorante.
Se, em certa mitologia, o primeiro homem foi Adão, e Eva, a primeira mulher –ambos inocentes como as flores–, a serpente foi o primeiro político.
E devemos dar graças a Deus –que já tinha tudo planejado em sua mente divinal– que assim tenha sido, ou aquela duplinha passaria eternidade afora a pôr pontos de exclamação no coaxar das pererecas.
Que os moços acreditem na política!
Bem pensado, o esquerdismo, quando genuíno, nada mais é do que a ânsia de matar a política para reconstruir o Éden com homens e mulheres puros.
Sem a serpente das tentações.
E quando o esquerdismo é uma farsa?
Aí dá em Lula e seus Lulinhas endinheirados…