Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil Da Folhapress O lobista João Augusto Rezende Henriques admitiu ter feito repasse de dinheiro para conta no exterior que tinha como beneficiário o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Henriques é apontado pelas investigações da Lava Jato como lobista do PMDB na diretoria Internacional da Petrobras.

Em depoimento à Polícia Federal na sexta-feira (26), Henriques disse que quando fez a transferência não sabia que a conta pertencia a Cunha, e só veio a obter tal informação após ser comunicado por autoridades da Suíça.

O conteúdo do depoimento foi divulgado pelo site do jornal “O Estado de S.

Paulo” nesta segunda (28). > Leia também: - Fernando Baiano confirma em delação que Cunha recebeu propina de US$ 5 milhões - Lobista preso na Lava Jato nega propina e diz não conhecer Cunha - Suíça investiga delatores que citaram Eduardo Cunha Segundo o advogado do lobista, José Cláudio Marques Barboza Júnior, Henriques tinha que fazer um pagamento de uma comissão para uma pessoa chamada Felipe Diniz, e este indicou que o valor deveria ser depositado em uma conta no exterior.

Posteriormente, Henriques veio a saber que a conta tinha Cunha como beneficiário, segundo o advogado.

Felipe Diniz é filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), que morreu em 2009.

Felipe teria direito a uma comissão por ter ajudado no negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na África.

O depoimento de Henriques já foi enviado pelo juiz Sergio Moro ao STF (Supremo Tribunal Federal), uma vez que Cunha possui direito a foro privilegiado por ser congressista.

A Procuradoria-Geral da Suíça informou nesta segunda que está investigando criminalmente João Henriques.

O porta-voz do Ministério Público suíço disse à reportagem que “procedimentos criminais” estão sendo adotados contra ele, assim como em relação ao também lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, outro nome vinculado ao PMDB na Lava Jato.

A ação contra os dois se soma às investigações já abertas contra o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e o lobista Júlio Camargo -ambos mencionam o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em seus depoimentos.

Segundo Camargo, Cunha teria recebido R$ 5 milhões de propina.

Questionado pela reportagem se havia alguma investigação contra Cunha, a procuradoria da Suíça disse que não poderia comentar o assunto.

OUTRO LADO O deputado Eduardo Cunha também se recusou a comentar qualquer assunto sobre a Operação Lava Jato. “Lava Jato também é com meu advogado.

Não vou falar”, afirmou em evento do qual participou na Assembleia Legislativa do Rio na manhã desta segunda.