O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Pernambuco deve dar entrada na documentação para poder ocupar a Fazenda Nova Esperança, em Brejo da Madre de Deus, de propriedade do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) nesta segunda-feira (28).
A propriedade possui 800 hectares.
Parte do terreno já está sendo ocupada por cem famílias.
Um dos diretores do MST-PE, Francisco Terto, disse à Rádio Jornal Caruaru, que a área só será desocupada se for comprovado que as terras foram compradas de forma legal.
Pedro Corrêa, de 67 anos, foi deputado federal e presidia o Partido Progressista (PP) quando foi denunciado pelo escândalo do mensalão.
Em 2012, foi condenado a sete anos e dois meses de prisão, além de multa de R$ 1,13 milhão.
Ficou preso no Presídio da Papuda, no Distrito Federal, e agora é delator da Operação Lava-Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.
Neste fim de semana, a revista Veja publicou matéria revelando o conteúdo do depoimento do ex-deputado ao juiz Sérgio Moro, que coordena a Lava-Jato.
De acordo com a publicação, Pedro Corrêa disse ao magistrado que o ex-presidente Lula sabia do esquema conhecido como petrolão.
Ao saber da ocupação, o advogado Clóvis Corrêa acusou os sem-terra de fazer uma retaliação à denúncia feita pelo primo.
LEIA MAIS: » Propriedade de Pedro Corrêa é ocupada pelo MST um dia após denúncia do ex-deputado contra Lula e Dilma » Ex-deputado Pedro Corrêa diz que petrolão nasceu com aval de Lula O líder do MST (Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Pernambuco, Jaime Amorim, negou, na manhã desta segunda, em entrevista à Rádio Jornal, que a ocupação seja uma retaliação contra o acordo de delação premiada feito pelo ex-parlamentar com a força tarefa da Operação Lava Jato.
Segundo a revista Veja, Pedro Corrêa teria citado o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, ambos do PT, nas declarações. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Apesar de que nós pessoalmente discordamos do fato de ele ter aceitado a delação premiada.
Todo delator é um traidor.
E o país não pode ficar submisso a um traidor.
Mas na ocupação não tem nada a ver.
A ocupação é porque a fazenda é improdutiva, é uma grande propriedade, e os trabalhadores já estão há meses sinalizando para ocupar a Fazenda Nova Esperança”, afirmou Amorim. “Seria muita ingenuidade.
Nós não teríamos capacidade de mobilizar de um dia para o outro.
Aliás, até a ocupação foi realizada, na prática, antes de a revista chegar nas bancas.
A Fazenda foi ocupada porque é uma grande propriedade de 2 mil hectares”, disse o líder do MST.
Hoje, o MST tem 164 acampamentos em Pernambuco e quase 16 mil famílias em 225 assentamentos.
A Fazenda Nova Esperança fica próxima à Fazenda Velha, em Nova Jerusalém.