Levantamento realizado pela GoOn, empresa especialista em Riscos e Negócios, constatou que a inadimplência já observada em linhas de crédito com juros mais altos, como a do cartão de crédito e a do cheque especial, tendem a crescer ainda mais.

Em contrapartida, nos produtos mais baratos, a sondagem observou estabilidade e até uma leve queda da inadimplência porque está relacionada aos produtos cujas garantias estão atreladas a veículos, imóveis ou empréstimo consignado, que possuem pagamento garantido.

O indicador utilizado neste estudo foi o Over 90, referente à parte da carteira de clientes que está com atraso no pagamento das dívidas superior a 90 dias.

Dentre os produtos de crédito mais caros, explica Christian Vincent, sócio-diretor da GoOn, foram observados neste levantamento os três principais: cartão de crédito, rotativo do cartão de crédito e cheque especial.

Segundo Vincent, o cartão de crédito segue numa tendência de aumento de inadimplência desde março, e em junho atingiu o patamar de 7,5%, ficando 15% acima do mesmo mês do ano anterior, com uma carteira de 15% constante.

Já em comparação ao mesmo período de 2014, a carteira aumentou 10,8%.

No rotativo do cartão de crédito, o levantamento observou um patamar de inadimplência bem acima dos demais produtos analisados, em torno de 38% da carteira. “Isso ocorre porque o rotativo já é uma carteira composta por pessoas que estão pagando entre o valor total e o mínimo da fatura do cartão, o que já demonstra um alto comprometimento de renda.

A inadimplência do rotativo também vem numa tendência de alta desde fevereiro e o volume da carteira também está aumentando.

Este cenário acende um alerta vermelho, pois significa que o número de pessoas pagando o valor mínimo está crescendo”, explica Vincent.

O cheque especial também vem numa tendência de alta desde março e está na média de 14,9% da carteira.

O estudo da GoOn observou que esse produto vem apresentando um aumento de 14% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Semelhante ao rotativo, o cheque especial é utilizado por pessoas que já estão com a renda bastante comprometida. “De forma geral, as modalidades mais caras de crédito estão apresentando uma tendência de alta na inadimplência”, afirma Vincent.

Em crédito de veículos, a carteira apresenta tendência de queda de volume (7,27% a menos em relação ao mesmo período do ano anterior).

Nela, a inadimplência permanece estável desde dezembro do ano passado, em torno de 4%, menor em 20,41% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. “Mesmo com a redução do volume da carteira, a inadimplência se mantém estável, o que é um ponto positivo”, salienta o diretor da GoOn.

Já no crédito imobiliário, a inadimplência está oscilando em torno do mesmo patamar, de aproximadamente 1,9% da carteira.

O percentual é menor que o do mesmo período do ano passado desde maio (-5,26%), com a carteira em um movimento constante de crescimento.

Empréstimo consignado está com tendência de queda na inadimplência mantida desde agosto do ano passado, atualmente na média de 2,3%.

Já em relação ao mesmo período do ano anterior, está apresentando uma queda de -12%.

A carteira está em movimento crescente, com alta anual de 12%.

Para o sócio-diretor da GoOn, um ponto de atenção tanto para crédito imobiliário quanto para o consignado é que o volume crescente da carteira pode ter contribuído para a queda da inadimplência.

Isso porque a inadimplência é uma razão entre o atraso e a carteira.

No entanto, de forma geral, a inadimplência dos produtos mais baratos preocupa menos, pois um dos principais motivos de serem mais baratos é por já terem uma garantia maior de pagamento. “Quanto às taxas de juros, observamos uma tendência de aumento geral para todos os produtos citados, tanto os mais caros quanto para os mais baratos, refletindo a elevação da taxa Selic que vinha sendo praticada pelo Copom desde outubro de 2014”, lembra Vincent.