Por Jamildo Melo, editor do Blog Como Dilma, o governador Paulo Câmara preferiu o caminho mais fácil, de elevar os impostos estaduais para fechar os rombos da máquina pública inchada do Estado de Pernambuco.
Lembrei de Jarbas Vasconcelos, o último que adotou um pacotaço deste tamanho, quando era governador do Estado.
Nunca o ICMS de energia elétrica havia chegado tão alto, depois culpavam a Celpe por ter contas tão caras.
O Governo do Estado vai alterar as alíquotas do ICMS incidentes sobre a gasolina e o álcool.
A alíquota da gasolina sobe de 27% para 29%, enquanto que a do álcool cai de 25% para 23%. “É também uma forma de garantir os empregos no setor sucroalcooleiro, principalmente num momento em que o Estado beneficia as usinas que se encontram em recuperação judicial tais como Pumaty e Cruangi, que voltaram a moer”, disse o secretário de Fazenda, Stefanni.
O Estado de Pernambuco está alterando as alíquotas de ICMS incidentes sobre serviços de telecomunicação, de 28% para 30%, e de TV por assinatura, de 10% para 15%.
Segundo o Estado, o aumento na alíquota sobre os serviços de telecomunicações será destinado ao Fundo de Combate à Pobreza, que financia a assistência social e a saúde do Estado.
O governo diz que está acompanhando o movimento dos demais estados do Nordeste e as deliberações do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
As “cinquentinhas” (motocicletas de até 50 cilindradas) também passam a ser tributadas com IPVA, em 2,5%, como forma de amenizar as despesas do Estado com os envolvidos em acidentes de moto.
Nas operações com motocicletas, a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobe de 12% para 18%.
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) também terá sua alíquota escalonada, indo de 0% a 6%, onde a alíquota mais alta será cobrada dos veículos de maior valor.
Carros com até 180 cavalos-vapor (CV) passam a ser tributados em 3% e acima disso a alíquota será de 4%.
Aeronaves e embarcações pagarão 6% de IPVA.
A alíquota do Imposto sobre Causa Mortis e Doação (ICD), incidente sobre a transmissão de bens móveis, imóveis ou direitos por herança ou doação, passa dos atuais 2% ou 5% para uma escala de 0% a 8%, dependendo do valor do bem.
A faixa de isenção do imposto aumenta de R$ 5 mil para R$ 50 mil e passam a ser tributados com a alíquota máxima os bens acima de R$ 400 mil.
Com todas as elevações de impostos, a equipe de Paulo Câmara persegue a geração de R$ 487 milhões/ano no caixa do Estado a partir de 2016.
O aumento dos impostos foi apresentado pelo Governo do Estado como um pacote de medidas para enfrentamento da crise econômica que sacode o país. “Elas têm o objetivo de melhorar a receita - inclusive dos municípios - e estimular setores importantes da economia pernambucana, aumentando as alíquotas de alguns segmentos e reduzindo outras.
As medidas ajudarão na criação e manutenção de empregos e devem injetar anualmente cerca de R$ 487 milhões no caixa a partir de 2016”.
Desculpas usadas para os aumentos de impostos “A crise nos atingiu em cheio.
Essas duas medidas são uma forma de tributar mais aqueles contribuintes com maior renda, inclusive proprietários de aeronaves, lanchas e jet skis, sem afetar a população menos favorecida”, diz o secretário da Fazenda, Márcio Stefanni Monteiro. “Estamos lançando mão de alguns remédios amargos, mas sempre de olho na justiça tributária.
Quando aumentamos as alíquotas do ICMS e do IPVA também estamos beneficiando os municípios, que ficam com uma fatia de 25% e 50% desses impostos, respectivamente.
Esses remédios são necessários para garantir, nesse momento de crise, o que já foi conquistado nas áreas social e econômica, até porque, ao contrário do que estamos fazendo com os municípios, a União não apresentou proposta para aumentar o repasse aos estados e municípios em seu pacote. É uma questão de sobrevivência”, justifica o secretário da Fazenda.
No momento de dificuldades, até as multas sobre atraso em impostos estão sendo mudadas.
O Governo de Pernambuco está reduzindo todas as multas de penalidades para 100%, quando hoje o teto é de 280%, com a possibilidade de parcelamento de débitos fiscais. “Para melhorar as relações tributárias”, foi a alegação usada.
O governo Paulo Câmara justificou os aumentos de impostos com o argumento de que a receita orçamentária do Estado está em queda.
De janeiro a julho houve uma redução da ordem de R$ 1,2 bilhão, representando uma variação nominal negativa de 7,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O ICMS está crescendo 4%, bem abaixo da inflação acumulada medida pelo IPCA, de 9,5%.
Já os repasses da União, somando o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e convênios, apresentam um crescimento nominal pífio de 1%, ainda mais abaixo da inflação.
Além disso, os estados estão impedidos de contratar novas operações de crédito, inviabilizando novos investimentos.
O Governo do Estado diz que segue fazendo seu dever de casa. “Desde fevereiro, as ações de contingenciamento nas despesas de custeio da máquina pública – que objetivam alcançar R$ 920 milhões em 2015 – já resultaram em uma redução nominal de R$ 261,4 milhões na comparação com o que foi gasto em 2014.
Os cortes atingem serviços de consultoria, diárias e passagens, manutenção da frota, combustível, locação de veículos, licenças de softwares, publicidade, transferências voluntárias, entre outros.
No intuito de evitar medidas lineares, o Governo do Estado vem estabelecendo limites de consumo para secretarias e órgãos, olhando caso a caso, no sentido de preservar ao máximo os serviços à população, especialmente nas áreas de saúde, segurança e educação”.