Na Folha de São Paulo O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, revelou em sua delação premiada que as duas empresas geraram caixa dois de, ao menos, R$ 176 milhões para pagar propina entre 2002 e 2014, segundo contas feitas pela Folha a partir de notas fiscais entregues pelo delator.
O caixa foi formado a partir de contratações simuladas de serviços de terraplenagem, advocacia e consultoria.
O esquema funcionava de duas maneiras, segundo o empresário: com os serviços de terraplenagem, não havia prestação de serviços, e o valor pago era devolvido para as empresas de Pessoa.
Já os contratos com o escritório de advocacia eram superfaturados, e o valor a mais retornava para UTC e Constran pagarem suborno.
O empresário Adir Assad e o advogado Roberto Trombeta, segundo o empreiteiro, forneciam as notas fiscais para que as empresas tivessem dinheiro em espécie.
Assad foi preso na Operação Lava Jato sob acusação de lavagem de dinheiro.
Trombeta fez acordo de delação.
Uma das empresas de Assad, a S.M.
Terraplenagem, foi responsável por notas frias de R$ 54,1 milhões entre 2007 e 2011, de acordo com planilha entregue por Pessoa.
Outra firma de Assad, a Rock Star forneceu notas fictícias de R$ 23,4 milhões.
O empresário relatou também que pagou R$ 10 milhões em propina ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e ao deputado federal José Janene (PP-PR) por um contrato na Repar (Refinaria Getúlio Vargas), no Paraná.
A Odebrecht, líder do consórcio da Repar, não quis comentar as afirmações de Pessoa sobre o suposto suborno de R$ 10 milhões.
A Folha não localizou representantes da OAS, que também integrava o consórcio.
Em ocasiões anteriores e nos autos, advogados do grupo refutaram que a empresa tenha integrado cartel ou pagado suborno.