Joaquim Levy sinalizou que está procurando encontrar as condições para a elevação da Cide apenas desse combustívelFoto: Wilson Dias/Agência Brasil Representantes do setor sucroenergético de todo o país se reuniram, nessa quarta-feira (16), com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em Brasília.
O objetivo foi avançar na negociação para o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina.
Participaram do encontro o presidente e o vice do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), André Rocha e Renato Cunha.
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Mas, ressaltou que, antes da decisão final do Governo Federal, é necessário avaliar os níveis de inflação projetados para o ano de 2015 e uma articulação com a Petrobras, que tem a maior fatia no mercado da distribuição de combustíveis no Brasil.
Participaram da reunião os presidentes da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Copersucar, Alcopar (PR), Siamig (MG) e da Frente Parlamentar Sucroenergética, deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR). “Não há expectativa de aumento da contribuição incidente sobre o diesel.
Nem possibilidade da cobrança sobre o etanol”, detalha o vice-presidente do FNS e presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha.
A Cide atualmente é de R$ 0,10 por litro de gasolina.
O tributo foi zerado em 2012.
Em janeiro passado, o Governo Federal anunciou a volta da cobrança, em vigor desde maio.
Renato Cunha acrescenta que o ministro não descarta o aumento da Cide sobre a gasolina em pequenas elevações fatiadas. “O ministro vê com simpatia as vantagens do etanol para o mercado veicular, principalmente nas questões ambientais”, ressalta.
Uma nova reunião do ministro com o setor está prevista para acontecer em 30 dias.
O vice-presidente do FNS afirma que, nos últimos cinco anos, a política de preços para o mercado de energia automotiva garantiu mais competitividade para a gasolina, estratégia que desequilibrou o mercado e provocou uma crise na cadeia produtiva do combustível ambientalmente limpo.
Cerca de 80 usinas fecharam em todo o país. “É hora de preservar indústrias e postos de trabalho.
Muitas regiões e cidades ainda sofrem os impactos da política anterior.
Há falta de renda e os níveis de desemprego são elevados”, argumenta.
Renato Cunha defende que as margens de rentabilidade do etanol ainda estão bastante defasadas, após o ciclo de preços artificialmente baixos da gasolina.
E alerta: “a recuperação do setor será inviável se tivermos outro ciclo econômico e financeiro em que sejamos obrigados a vender abaixo do custo de produção”.
Em 2005, o endividamento do setor era de cerca de R$ 15 por tonelada de cana com uma Cide de R$ 0,28 por litro de gasolina.
Atualmente, com a Cide em R$ 0,10 por litro, o endividamento, de forma geral, subiu em média a até R$ 100 ou R$ 110 por tonelada de cana. “O que a indústria da cana precisa é de renda para sua competitividade”, frisa Renato Cunha.