Foto: Lula Marques/Agência PT Na fala que teve o tom mais político, na recondução de Janot, Dilma voltou a criticar os adversários no meio do discurso.

Nesta semana, ela já havia dito por mais de uma vez que os adversários apostam no quanto pior, melhor.

No interior de São Paulo, nesta quarta-feira, chegou a afirmar que não era correto usar a crise para assumir o poder, em uma referência ao processo de impeachment. “A democracia brasileira se fortalece sempre e mais quando toda e qualquer autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite, quando se comporta com isenção, sobriedade, pudor e respeito pelas instituições em que atuam.

Todos nós queremos um país em que a lei é o limite, muitos de nós lutamos por isso justamente quando as leis e os direitos foram vilipendiados.

Queremos um país em que os políticos pleiteiem o poder por meio do voto e aceitem o veredito das urnas.

Em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos.

Em que os juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias, jamais transigindo com a presunção da inocência de quaisquer cidadãos.

Queremos um país em que o confronto de ideias se dê em um ambiente de civilidade e respeito.

Queremos que opiniões se imponham pelo debate, pelo debate de ideias e pelo contraditório, posto que ofensas e insultos serão sempre a negação da boa prática, da boa política e da ética.

E, em suma, no limite da própria democracia”. “Nesses tempos em que, por vezes, a luta política provoca calor, quando devia emitir luz, torna-se ainda mais relevante o papel da Procuradoria-Geral da República como defensora do primado da lei, da justiça e da estabilidade das instituições democráticas.

Uma missão complexa, a qual, estou certa, está mais do que à altura do doutor Janot e sua competente equipe”.

No fim do discurso, Dilma invoca o ex-presidente do Uruguai.

Sobre essa missão, valho-me de recente manifestação do meu grande amigo José Mujica, ex-presidente uruguaio, que disse: “Esta democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos.

Mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”.

Dilma deu no final um recado que lembra o pau que dá em chico dá em Francisco, do discurso de Janot, no Congresso, em sua sabatina. “Queremos que o Estado de Direito, conquistado após intensa e heroica luta dos brasileiros, não seja apenas um mero princípio formal entalhado na nossa Constituição, mas uma realidade viva, permanente, expressa em todas as decisões e atos do Poder Executivo, do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do próprio Ministério Público.

Queremos, finalmente, que as duras sanções da lei recaiam sobre todos os que praticaram atos ilícitos, sem exceção.

Mas nunca com desrespeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa.

Jamais haverá uma condenação justa quando os princípios formadores do Estado de Direito forem desrespeitados”, afirmou.