Por Emerson Leônidas, especial para o Blog de Jamildo Que o Brasil é um país com ótimas leis e que não são cumpridas, disso já sabemos.
Mas a pergunta é: para onde foram as Comissões de Direitos Humanos da OAB?
Em recente capítulo reservado para o Brasil, o Dr.
Maurício Santoro, assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional aqui, em entrevista a concedida a revista Carta Capital relatou o absurdo número de homicídios praticados por policiais e as péssimas condições do sistema carcerário, passando pela violação dos direitos à terra e pela impunidade dos agentes da ditadura, tudo isso no ano em que o País criou a Comissão da Verdade para revelar os crimes cometidos na ditadura.
O relatório da Anistia Internacional destacou que atualmente o Brasil tem um déficit de mais de 200 mil vagas no sistema carcerário e que o número de presos não para de aumentar, que os detentos são mantidos em celas fétidas, superlotadas e inseguras.
Mulheres e menores ainda são detidos nas mesmas unidades que os homens e os relatos de tortura restaram intermináveis.
Ainda de acordo com a Anistia Internacional, a ausência de poder punitivo da Comissão da Verdade - instituída para investigar as violações aos Direitos Humanos durante a ditadura, - vai na contramão das decisões de outros países da região como Argentina e Uruguai. “A Lei da Anistia brasileira já foi considerada sem valor legal por diversos organismos internacionais.
A sensação de impunidade em relação aos crimes autoridades é perceptível e espalhada pelos diversos setores sociais”.
Mas Direitos Humanos não é só isso.
Os hospitais públicos de Pernambuco estão vitimizando gente todos os dias, com óbitos que poderiam ser evitados.
E o que faz, contra isso, a Comissão de Direitos Humanos da OAB/PE?
Ou para que serve ou deveria servir?
Aqui, preside essa honrada comissão o Dr.
João Olympio Mendonça, advogado criminalistas de grande destaque jurídico, mas que a nosso aviso nada entende de Direitos Humanos.
Eu também não entendo, confesso, senão da pouca teoria, que nesse campo, ainda que fosse muita, seria absolutamente inútil.Só vim aprendi e entender um pouco, na prática, quando tive que conviver com doentes terminais no Hospital dos Servidores do Estado.
Aquilo é um verdadeiro campo de extermínio.
Em uma semana vi, com os meus olhos que a terra há de comer, mais de dez óbitos, por falta de respeito mínimo aos Direitos Humanos.
Nunca me senti tão impotente na vida.
E me perguntei: onde anda a OAB?
Ou isso não é problema dessa instituição?
Defender as prerrogativas dos advogados é primordial, exigir respeito à nossa classe e a nossa profissão é imprescindível, mas peço licença aos doutos para dizer que, há muito, a OAB abandonou o seu papel de guardião da sociedade e de seus interesses sociais.
Quando se trata de Direitos Humanos, a sociedade não foi esquecida.
Ela foi literalmente abandonada.
Crime comissivo por omissão, para quem sabe o conceito.
E não só a sociedade carcerária - porque direitos humanos não é só para presos ou vitima de violência policial -, mas a própria sociedade, quando se cuida de doentes, velhos, crianças e toda categoria de vulneráveis.
Essa realidade tem que mudar!