Nesta terça-feira (15), os partidos da base aliada apresentaram uma carta aberta onde se posicionam contrários ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

A deputada Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, abriu o encontro defendendo a importância de garantir a vontade popular expressa nas urnas no pleito passado. “Temos que fazer valer a vontade popular que foi garantida no pleito do ano passado, com 54 milhões de votos dos brasileiros e brasileiras para um mandato de quatro anos”, afirmou, esquecendo que quando era oposição o PT pediu e apresentou oficialmente na Câmara dos Deputados um pedido de Impeachment contra o ex-presidente FHC, em 1999.

O presidente da Câmara dos Deputados era Michel Temer.

O pedido foi apresentado pelo então deputado federal José Dirceu, hoje preso na Lava Jato. “Essas tentativas pró-impeachment são inaceitáveis dentro da democracia brasileira.

Sabemos que este é um processo previsto na Constituição, mas é preciso ter bases jurídicas para que aconteça”, explicou. “Não pode se ter como argumento indicadores de popularidade, até porque já tivemos outras situações muitos piores na economia e popularidade do governo nesse país e nem por isso rasgamos a Constituição”.

No texto, o grupo fala em golpismo. “Tal processo se constitui numa clara e nova forma de golpismo, a qual, embora não se utilize mais dos métodos do passado, abusa dos mecanismos solertes das mentiras, dos factóides e das tentativas canhestras de manobras pseudo-jurídicas para afrontar o voto popular e a democracia” “Lamentando que, desde a apuração dos resultados das urnas, forças políticas radicais, que exibem baixo compromisso com os princípios democráticos, venham se dedicando diuturnamente a contestar e questionar o mandato popular da presidenta Dilma Rousseff, utilizando-se dos mais diversos subterfúgios políticos e jurídicos, que vão desde o absurdo e inédito questionamento da urna eletrônica, lisura do pleito até a tentativa de criminalização de práticas orçamentárias em um contexto de crise fiscal e utilizadas por vários governos no passado, incluindo a contestação intempestiva das contas de campanha previamente aprovadas na justiça eleitoral”.

Durante o encontro, do qual participaram os presidentes do PT, Rui Falcão, do PMDB, senador Valdir Raupp, a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghalli, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, do PSD, o vice-presidente do PROS Moacir Bicalho, além dos líderes e deputados de outros partidos, foi assinado um manifesto (leia abaixo) proposto pelo PCdoB onde o grupo, além de reafirmar o apoio ao mandato da presidenta Dilma Rousseff, repudia a tentativa de deslegitimar e encerrar de forma prematura o mandato conquistado em pleito democrático.

O documento também pleiteia a superação do atual “clima político deteriorado”, referenda a convicção de que a democracia brasileira é muito maior que as dificuldades econômicas e políticas que enfrentamos e convida “as forças políticas responsáveis” do Brasil a dar sua contribuição para que o Brasil reencontre no caminho do crescimento econômico, da justiça social, da soberania e do crescente aprofundamento de sua bela e jovem democracia.

Para o líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães “é importante que esta reunião hoje se repita em novos atos, dentro do Parlamento, junto de movimentos sociais e entidades da sociedade civil”.

O líder do PMDB, Leonardo Picciani reiterou que “Todos nós devemos trabalhar pela governabilidade da presidenta”.

Os presidentes e líderes saíram do café da manhã na Câmara para o Palácio do Planalto, onde fizeram a entrega do documento e falaram sobre a contraofensiva ao movimento golpista em curso. “O documento diz que qualquer tentativa dessa natureza conflagrará o país, porque é inaceitável qualquer tentativa de evitar a consolidação da democracia brasileira.

Eles (da oposição) querem criar esse ambiente usando a peça do Hélio Bicudo para na próxima semana tratar da admissibilidade do impeachment no plenário.

Temos que reagir a altura e esse movimento é uma das medidas”, explica Luciana.

Na próxima semana o grupo deve promover um ato político maior reunindo, além dos partidos políticos – PCdoB, PT, Pros, PDT, PSD, os movimentos sociais. “É necessário demonstrarmos disposição de barrar qualquer tentativa golpista de interromper o governo e o projeto político que mudou a face do Brasil, desde a erradicação da pobreza até obras estruturantes que estão impactando a vida do brasileiro”, conclama a presidente do PCdoB.