A presidente Dilma Rousseff perdeu todas as condições de liderar e demonstra, dia a dia, uma crescente incapacidade de governar, até porque tem contra si a ampla maioria do povo brasileiro.
A avaliação é do prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, que, mesmo assim, considera que um processo de impeachment deve ser visto como “último recurso”.
Com a combinação de crise política e crise econômica, esta última agravada com a perda de credibilidade do País junto às agências internacionais de classificação de risco para crédito, Elias insiste na defesa do parlamentarismo com um “governo de coalizão” para superar o cenário de dificuldade nacional e a convocação de uma Constituinte exclusiva, para tratar da reforma do Estado e da reforma política. “Há saídas fora do impeachment.
Não consideramos a renúncia, pois este é um ato unilateral, não tem como se colocar como uma possibilidade política.
A melhor forma de, ao mesmo tempo, ter uma solução menos traumática e atribuir responsabilidades ao Congresso Nacional, que hoje age mais como incendiário do que como bombeiro, seria o parlamentarismo”, defendeu nesta sexta-feira (11/09) Elias Gomes – um dos principais líderes tucanos no Estado.
Ao analisar o cenário de agravamento constante da crise, o prefeito insistiu que os partidos devem procurar o entendimento para, o mais rápido possível, viabilizar um governo de coalizão, tese que vem defendendo já há alguns meses, por entender que o País não aguenta mais três anos de crise.
Elias Gomes insistiu que, nesta proposta, os atuais presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados – o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado Eduardo da Cunha (PMDB-RJ) – estariam descartados para a função de primeiro-ministro, uma vez que têm seus nomes envolvidos em denúncias relacionadas ao esquema do petrolão. “No parlamentarismo, o Congresso deixaria a pauta-bomba, que ameaça hoje, para trilhar o caminho do ajuste da máquina pública e das reformas necessárias para viabilizar a retomada do crescimento, preservando-se o mandato da presidente.
Com o apoio dos partidos, numa coalizão de forças, buscaria-se ajustar a casa de uma forma bem menos traumática”, afirmou o tucano, ressaltando que o Parlamento ganharia importantes atribuições, a principal a de escolher um nome de conduta inquestionável para liderar o governo como primeiro-ministro.
Junto a isso, defende como necessárias e urgentes a reforma do Estado brasileiro e a reforma política, que seriam tratadas com uma Constituinte exclusiva.
Lula como vítima Em suas observações, Elias alertou ainda que as oposições precisam analisar bem se o impeachment – defendido por alguns integrantes do bloco, inclusive parlamentares do PSDB – seria um bom caminho para o País e, do ponto de visto estratégia, para as oposições.
Afirmou que o “efeito político” de um processo deste tipo pode, ao contrário, fortalecer, num determinado espaço de tempo, o ex-presidente Lula e o próprio PT, com o discurso da vitimização.
Para ele, é isso que o ex-presidente quer.
Descolando-se cada vez mais da sua criatura, Dilma, o ex-presidente Lula demonstrou, da boca para fora, é claro, nesta quinta (10) estar em desacordo com as medidas de ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff.
Já migra para a oposição?
Parlamentares petistas trataram de ecoar a fala de Lula sobre a irrelevância das agências e contra o ajuste, numa tentativa de evitar que Dilma ceda definitivamente à agenda de Levy de ortodoxia pura. “No caso de um impeachment, quem iria governar era a base (do governo Dilma), o principal partido da base (o PMDB, do vice-presidente Michel Temer).
E aí, Lula iria se vitimizar, alegando um golpe das elites, e estaria na mesma hora na oposição.
Lula e o PT teriam três anos para se reestabelecer na oposição.
Isso seria bom para o Brasil?
Do ponto de vista estratégico, seria o melhor caminho para a oposição?”, indagou Elias Gomes, insistindo que as forças políticas precisam avaliar bem esta questão.