Foto: Igo Bione/JC Imagem Por Júlio Lóssio, prefeito de Petrolina (PMDB) O debate acerca do financiamento de campanha vem ganhando espaço e visibilidade neste tempo em que se fala de reforma eleitoral.
Particularmente, percebo que esse tema é muito polêmico e a formação de uma opinião requer muita reflexão sobre os prós e contras de cada modelo.
Em princípio, ao se falar em financiamento público alguns podem dizer “Mas já pagamos tantos impostos, ainda vamos financiar as campanhas desses caras?”.
Contudo, uma análise mais acurada a respeito dos financiadores de campanha demonstra que os grandes doadores seguem roteiros curiosos.
Primeiro, percebemos que tais financiadores fazem doações aos candidatos melhor colocados nas pesquisas, os chamados favoritos, independente de bandeiras partidárias.
Portanto, não há que se argumentar que o fazem por crença na ideologia de um determinado projeto.
Ao contrário.
O grande projeto do doador é estar perto do poder. É doar a quem vai vencer.
E, segundo, é o fato de que estas empresas sempre tem alguma relação empresarial com o poder público, seja direta ou indiretamente, através de suas estatais.
Esses dois aspectos do rito da doação nos faz chegar à óbvia conclusão: a empresa doa para estar perto do poder.
E, uma vez perto do poder, busca alavancar os seus contratos.
Logo, fica mais que evidente que o dinheiro que alimenta as doações é oriundo, justamente, dos lucros obtidos por meio de contratos com o poder público.
Assim, podemos concluir que, apesar de não escrito nas planilhas orçamentárias de obras e serviços prestados, um percentual do valor do contrato é destinado ao financiamento de campanhas via doação.
Fica evidente, portanto, que o financiamento de campanha já é público.
Isso mesmo, amigo.
Você financia a campanha desses caras.
O problema, na verdade, é que para isso você utiliza um intermediário, as empresas doadoras que, evidentemente, para fazer esse trabalho, cobram uma taxa de administração e, consequentemente, deixam a sua vida mais cara.
Após tais constatações, cheguei à conclusão: se é para a sociedade pagar a conta, que o faça sem intermediários e com absoluta transparência, oferecendo a mesma oportunidade a todos e, principalmente, evitando uma relação promíscua entre empresas, políticos e governos.
Por tudo isso, eu sou hoje um defensor do financiamento público de campanhas políticas.